quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Expansionismo musical




Se houver algum uruguaio lendo - se houver alguém lendo - por favor, não leve a sério o post, é uma brincadeira carinhosa entre vizinhos que nem sempre foram tão carinhosos entre si.
O caso é que - me chamem de colonizado - tenho mais afinidade com o idioma inglês que com o espanhol, tão mais próximo em geografia e destino de nós. Blame it on Beatles, Jane Austen, Harry Potter e Paulo Leminski (podem ficar com a realidade /esse baixo astral /em que tudo entra pelo cano / eu quero viver de verdade / eu fico com o cinema americano). Meu Padrinho morou na Escócia quando eu era pequeno, mas isso não tem nada a ver.
Todabía, desde aquela tarde em Icaraí e mesmo antes, a música cantada em espanhol tem me pegado de jeito, não fosse meu pai um dedicado amante do tango em 78 rotações, com seu caderno de letras datilografadas cuja epígrafe em preto-e-vermelho dizia "Si se pudiera pintar la musica, el tango tendría todos los colores del arco-íris".
Por exemplo não consigo passar da terceira faixa de Amar la Trama, mais recente disco de Jorge Drexler. Isso porque Las Transeuntes, com sua letra cheia de poesia, imagens, meta-imagens de como se faz una canción e um som pop onde quem tem ouvidos de ouvir pode identificar influências de música flamenca, brasileira e de Liverpool, não me deixa. Ouçam e vejam se tenho alguma razão:



Porém hoje, mais que a beleza de versos como "la tarde se escapa verso adentro / e yo sigo buscando / sin encontrar mi centro / e pongo ladrillo sobre ladrillo / e sigo sin dar com el estribillo", me peguei ouvindo repetidamente no Ipod uma canção mais antiga de Jorge Drexler, do álbum Eco, o mesmo que apresentou Al otro Lado del Río, do filme Diários de Motocicleta. Trata-se de Todo se Transforma, que tem uma letra que vai desenhando um círculo, uma rede globalizada em torno de um encontro amoroso que... mas deixemos que o próprio Drexler nos cante essa história, enquanto vocês refletem comigo se essas duas canções do post já não são motivo mais que suficiente para propôr a anexação pacífica do Uruguai.
Só vejo vantagens. Tudo bem, ficaríamos mais perto dos argentinos, mas em compensação seríamos todos heptacampeões do mundo (eneacampeões, se a FIFA entrar na onda da CBF e "reconhecer os dois títulos olímpicos dos uruguaios em 24 e 28, afinal, era um torneio a nível mundial, em tudo análogo às Copas e outras baboseiras semelhantes usadas para fazer viagens no tempo e chegar à brilhante conclusão de que o Santos de Pelé foi o melhor time brasileiro.) Además, a tragédia de 50 seria apenas um coletivo, em que os reservas ganharam de virada. Cartas para a redação.


Todo Se Tranforma by guedes

Todo Se Transforma
Jorge Drexler

Tu beso se hizo calor,
Luego el calor, movimiento,
Luego gota de sudor
Que se hizo vapor, luego viento
Que en un rincón de la rioja
Movió el aspa de un molino
Mientras se pisaba el vino
Que bebió tu boca roja.

Tu boca roja en la mía,
La copa que gira en mi mano,
Y mientras el vino caía
Supe que de algún lejano
Rincón de otra galaxia,
El amor que me darías,
Transformado, volvería
Un día a darte las gracias.

Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da,
Nada es más simple,
No hay otra norma:
Nada se pierde,
Todo se transforma.

El vino que pagué yo,
Con aquel euro italiano
Que había estado en un vagón
Antes de estar en mi mano,
Y antes de eso en torino,
Y antes de torino, en prato,
Donde hicieron mi zapato
Sobre el que caería el vino.

Zapato que en unas horas
Buscaré bajo tu cama
Con las luces de la aurora,
Junto a tus sandalias planas
Que compraste aquella vez
En salvador de bahía,
Donde a otro diste el amor
Que hoy yo te devolvería

Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da,
Nada es más simple,
No hay otra norma:
Nada se pierde,
Todo se transforma.

Um comentário:

  1. Pela imediata reanexação da Cisplatina!!
    AHAHAHAAH
    Brincadeira, parabéns pelo post, Luiz!

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