quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

60 e poucos anos, quatro linhas, três vídeos, duas cores, um sonho

Tudo bem, o desenho não ficou lá essas coisas, afinal eu sou aquele a quem meu sobrinho, então com uns três anos, pediu: - Tio, desenha um carro? Eu desenhei, ele olhou e disse: - Tio, desenha um carro?
Mas a troca do gramado de verde pra preto na imagem do novo Maraca com cadeiras vermelhas é em protesto contra a onda tapetônica tricolor que vem grassando ultimamente e em homenagem ao destinatário deste post, aniversariante de amanhã, decano dos meus primos e um dos quarenta rubronegros mais convictos que conheço (nem sob tortura cito os outros trinta e nove!).
No recente almoço de Natal familiar (100 pessoas, quórum bom) dizia ele numa rodinha que seu time dos sonhos era o Santos de Pelé, e que o Barça atual vinha ganhando terreno no quesito. Eu, que só acompanho futebol atualmente de quatro em quatro anos acho bonito isso da pessoa continuar a buscar um time dos sonhos depois dos 60.
Nos 60 dele escrevi uma paródia de Águas de Março, hoje mando videos dos dois times supra e do meu Time dos Sonhos. Bom proveito!






Expansionismo musical




Se houver algum uruguaio lendo - se houver alguém lendo - por favor, não leve a sério o post, é uma brincadeira carinhosa entre vizinhos que nem sempre foram tão carinhosos entre si.
O caso é que - me chamem de colonizado - tenho mais afinidade com o idioma inglês que com o espanhol, tão mais próximo em geografia e destino de nós. Blame it on Beatles, Jane Austen, Harry Potter e Paulo Leminski (podem ficar com a realidade /esse baixo astral /em que tudo entra pelo cano / eu quero viver de verdade / eu fico com o cinema americano). Meu Padrinho morou na Escócia quando eu era pequeno, mas isso não tem nada a ver.
Todabía, desde aquela tarde em Icaraí e mesmo antes, a música cantada em espanhol tem me pegado de jeito, não fosse meu pai um dedicado amante do tango em 78 rotações, com seu caderno de letras datilografadas cuja epígrafe em preto-e-vermelho dizia "Si se pudiera pintar la musica, el tango tendría todos los colores del arco-íris".
Por exemplo não consigo passar da terceira faixa de Amar la Trama, mais recente disco de Jorge Drexler. Isso porque Las Transeuntes, com sua letra cheia de poesia, imagens, meta-imagens de como se faz una canción e um som pop onde quem tem ouvidos de ouvir pode identificar influências de música flamenca, brasileira e de Liverpool, não me deixa. Ouçam e vejam se tenho alguma razão:



Porém hoje, mais que a beleza de versos como "la tarde se escapa verso adentro / e yo sigo buscando / sin encontrar mi centro / e pongo ladrillo sobre ladrillo / e sigo sin dar com el estribillo", me peguei ouvindo repetidamente no Ipod uma canção mais antiga de Jorge Drexler, do álbum Eco, o mesmo que apresentou Al otro Lado del Río, do filme Diários de Motocicleta. Trata-se de Todo se Transforma, que tem uma letra que vai desenhando um círculo, uma rede globalizada em torno de um encontro amoroso que... mas deixemos que o próprio Drexler nos cante essa história, enquanto vocês refletem comigo se essas duas canções do post já não são motivo mais que suficiente para propôr a anexação pacífica do Uruguai.
Só vejo vantagens. Tudo bem, ficaríamos mais perto dos argentinos, mas em compensação seríamos todos heptacampeões do mundo (eneacampeões, se a FIFA entrar na onda da CBF e "reconhecer os dois títulos olímpicos dos uruguaios em 24 e 28, afinal, era um torneio a nível mundial, em tudo análogo às Copas e outras baboseiras semelhantes usadas para fazer viagens no tempo e chegar à brilhante conclusão de que o Santos de Pelé foi o melhor time brasileiro.) Además, a tragédia de 50 seria apenas um coletivo, em que os reservas ganharam de virada. Cartas para a redação.


Todo Se Tranforma by guedes

Todo Se Transforma
Jorge Drexler

Tu beso se hizo calor,
Luego el calor, movimiento,
Luego gota de sudor
Que se hizo vapor, luego viento
Que en un rincón de la rioja
Movió el aspa de un molino
Mientras se pisaba el vino
Que bebió tu boca roja.

Tu boca roja en la mía,
La copa que gira en mi mano,
Y mientras el vino caía
Supe que de algún lejano
Rincón de otra galaxia,
El amor que me darías,
Transformado, volvería
Un día a darte las gracias.

Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da,
Nada es más simple,
No hay otra norma:
Nada se pierde,
Todo se transforma.

El vino que pagué yo,
Con aquel euro italiano
Que había estado en un vagón
Antes de estar en mi mano,
Y antes de eso en torino,
Y antes de torino, en prato,
Donde hicieron mi zapato
Sobre el que caería el vino.

Zapato que en unas horas
Buscaré bajo tu cama
Con las luces de la aurora,
Junto a tus sandalias planas
Que compraste aquella vez
En salvador de bahía,
Donde a otro diste el amor
Que hoy yo te devolvería

Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da,
Nada es más simple,
No hay otra norma:
Nada se pierde,
Todo se transforma.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Tocar o céu com a ponta do pé

Nos últimos meses, os milhões de seguidores deste blog (tá bom, pelo menos a minha grande amiga e praticamente gêmea idêntica Jac, a quem fico devendo um post sobre os 15 anos do Brisa do Mar, o meio de transporte mais cool, hype e outras expressões colonizadas que já circulou entre Rio e Niterói, incluindo a descrição de um ônibus-pirata [tapa-olho no farol e pneu de pau, pronto, falei] e tudo sobre a gestação da trama de Farsa Mentirosa, a novela épico-lacrimosa que descortinava a saga de Luiz Henrique e Henrique Luiz, gêmeos univitelinos nascidos com 23 dias de diferença e separados ao nascer que... Mas voltemos ao post)
Dizia eu, os seguidores nos últimos meses poderiam ter se deparado com essa placa aí ao lado em sua busca diuturna e frenética por novidades do universo do ETC, tendo em conta a ausência total do síndico desses mal traçados bits. Mas cessa tudo quanto a antiga musa canta, que um valor mais alto se alevanta.
Com dezembro vêm, além dos anjos de García Márquez (Cem Anos de Solidão, p. 427, na edição comemorativa da Real Academia Española aqui na cabeceira, no original em espanhol, agora tirei onda!) vêm as chuvas de verão, as festas, e as apresentações de fim de ano dos filhos. E o Correio não poderia deixar passar essa oportunidade de retornar ao convívio dos seus 17 leitores.
O Festival Musical da Meimei Escola prima pela colaboração e pelo trabalho em conjunto entre professores, funcionários e alunos, bem de acordo com a linha montessoriana do ensino. Mais do que a perfeição das performances, vale a participação, a dedicação, o compromisso nos ensaios e fundamentalmente a diversão da galerinha se apresentando para pais, avós e colegas. Este ano tivemos até um depoimento de dois alunos que completaram o ensino médio e compartilharam sua experiência na escola. Bonito. Mais de um professor e pai teve que respirar funda e pausadamente e falar b-e-m d-e-v-a-g-a-r pra segurar a emoção.
A turminha do balé, modéstia minha filha à parte, estava uma graça, dançando a linda canção do Palavra Cantada. Acompanhem:




As galerinhas iam se sucedendo no palco, com os temas girando em torno do Pop brasileiro e mundial, Justin Bieber incluído, que dúvida... Para a apresentação da Agrupada de Clara, junto com os coleguinhas da manhã, a canção escolhida foi Assim sem Você, na voz de Adriana Partimpim. Os editores do Correio já viram o filminho diversas vezes, mas ainda se arrepiam com a alegria dos pequenos e a interação e sucesso junto aos fãs da plateia (pais, avós, pais e avós de colegas, mas de todo jeito...):




Pra concluir, já valendo como mensagem de fim de ano, se a gente não se ver mais até dois mil e onze, curtam os vídeos de Noite Feliz, onde a empolgação supera a afinação, com enormes vantagens, dentro do espírito de participação e acolhimento das diferenças que etc. e Happy Day, com as turmas mais adiantadas.

Tenham um bom fim de ano, com poucos amigos ocultos e muitos revelados. Paz.




terça-feira, 31 de agosto de 2010

ESCOL@


Em andanças lá pelo site de (como dizem niteroeienses e baianos, em vez do do carioca) Leoni, criei o ESCOL@ - EScritório de COnsultoria de Letras @lheias, pra dar palpites não solicitados (embora geralmente bem aceitos) nas letras dos concursos.

Parêntesis rápido: rola até quinta (2/9) uma votação, estou apoiando o meu amigo Nuno Rau, com sua Influência da Bossa. Cliquem AQUI pra votar.
Pois bem. O ESCOL@ aplica conceitos aprendidos nas oficinas de letra de música de Fred Martins, Francisco Bosco e Marcelo Diniz, nos 40 anos de audição de boa música, nas paródias e letra compostas e por aí vai. Mas sempre na brincadeira, pois tudo isso só me deu a certeza de que não há receita pra se fazer uma letra de canção.

Como bem demonstram dois dos professores citados, Fred e Marcelo, neste soneto do segundo que virou canção no violão do primeiro, retirado do conciso e incrivelmente lindo livro artesanal DE AMOR E SOBRE (Oficina Raquel, 2008), cuja capa encima este post.

A canção tem uns acordes beatle de Strawberry Fields e/ou Álbum Branco com um que de Luiz Gonzaga que não sei definir. Talvez só na minha cabeça. De todo modo, calo-me, para que vocês ouçam:











DEPRESSA A VIDA PASSA
(Fred Martins – Marcelo Diniz)

Depressa a vida passa, mal se sente
e tudo já parece diferente:
o que doeu um dia hoje é dormente,
o amanhã não se lembra do presente;

e mal tudo é passado, o mais recente
começa a tecer o recorrente:
a cada ruga tudo é mais ausente,
o tempo foge e sempre leva a gente;

fascina como a infância é inocente:
eterno no vigor do adolescente,
no idoso, ainda crepita o sol poente;

fascina como tudo é transparente:
depressa a vida passa e, de repente,
desfaz-se, n´água, a face que a ressente.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Recuerdos de Icaraí

Esse título de postagem, malgrado meu reduzido pendão para o saudosismo e a recordação, poderia caber em um sem número de capítulos de minha autobiografia a não ser escrita. Mas no presente caso, refere-se à tarde agradável de poemas, canções e afeto familiar de ontem, chez Mattoso, na referida e sempre mágica Icaraí, por motivo do aniversário de meu padrinho.
Outros que cantem, com verve, propriedade, veias e artérias poéticas, sua trajetória. Yo vengo a oferecer mi corazón.
Naquela tarde vi chover palabras y canciones. Ao som do violão de meu primo, companheiro de ano de desembarque no planetinha azul e de infância, já na maresística e querida Icaraí, Roberto Mattoso, desfiou-se um perolário de músicas em espanhol. Apesar das ameaças, Pad não concretizou sua versão para Volver, "o maior dos tangos". A conexão estava lenta pra buscar a cifra, sabe como é, etc.
Mas de Fito Páez a Mercedes Sosa, com pitadas de Violeta Parra, e outros, com uma leve incursão a Caetano, a tarde passou entre histórias de latinoamerica, naqueles tempos, inlcuindo o patriotismo adolescente de Elisa Queirós, cantora, prima e etc. Cliquem no blog dela e saibam mais dessa família, e da vida bonita possível, apesar.
Falou-se de tangueros já bailando bem acima: Tio Zé e sua coleção de tangos desaparecida (gosto de pensar que rodando incessantemente no toca-discos de algum sincero amante da canção portenha); meu pai e seu caderninho datilografado de letras, com a epígrafe: "Si se pudiera pintar la musica, el tango tendría todos los colores del arco-iris". Ou algo semelhante. Googlei e não achei. Melhor assim.
A mim a Marinha, o carinho dos seus, a Portela, as crônicas do mar, de Minas e alhures, embora testemunhem a vida do Pad, não valem a primeira vez que "dirigi" um fusquinha em seu colo, na sossegada Icaraí de uma travessa no princípio dos 70, ou o ingresso do jogo em que Pelé fez o milésimo gol, ou a gentil cessão do local para a festa de meu casamento, ou o método mnemônico de gravar o nome de minha mulher com uma abertura de samba-enredo da Mangueira, em um trocadilho infame e revelador de seu humor. Ou a retomada de um convívio que sempre foi mais intenso que extenso, agora através das fibras óticas da web.
Parece um sinal, um fado, uma comprovação de que o universal mora em cada aldeia, que toda essa tarde tenha se dado na doce Icaraí, onde todabía "alguién tejió la sed usando hilo de mar y calma de mujer, y el tiempo cae, cae, cae" (da canção El Tiempo, de Silvio Rodrigues, de quem outro dia comprei num sebo o livro de letras e partituras Canciones del Mar, - Ediciones Ojalá - para presentear um amigo recente, yo no creo em acasos, pero que los hay).
Esse amor pelo bairro, o mais universal que se acha, me veio esta semana assitindo um show do Galocantô, que faz um passeio pelos morros e locais do Rio. E eu, icaraiense nascido no centro de Niterói, hoje morador da Aldeia Campista, Grande Tijuca, com uma filha quase carioca nascida na Barra, me emocionei com o que não vivi: "naquele tempo não tinha celular / o encontro era na porta da C&A".
Isso tudo são coisas que pontos luminosos em uma tela não expressam, por isso encerro o post e te doy una canción
(na verdade duas, aprendi esta na tarde: "soy pán, soy paz, soy más". Sejamos.)
SOY PÁN SOY PAZ SOY MÁS
(Piero)

yo soy yo soy yo soy
soy agua, playa, cielo, casa blanca
soy mar atlántico, viento y américa
soy un montón de cosas santas
mezclado con cosas humanas
cómo te explico cosas mundanas.

fui niño, cuna, teta, techo, manta
más miedo, cuco, grito, llanto, raza
después mezclaron las palabras
o se escapaban las miradas
algo pasó... no entendí nada.

vamos, contame, decime
todo lo que a vos te está pasando ahora
porque sino cuando está
tu alma sola llora
hay que sacarlo todo afuera
como la primavera
nadie quiere que adentro algo se muera
hablar mirándose a los ojos
sacar lo que se pueda afuera
para que adentro nazcan cosas nuevas
.

soy pan, soy paz, soy más, soy el que está (por acá)
no quiero más de lo que quieras dar
hoy se te da y hoy se te quita
igual que con la margarita
igual el mar igual la vida.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Em uma locadora perto de você

Que Audrey Hepburn foi a mais bela mulher do século XX é uma afirmação que pode ser largamente discutida, embora não comigo. Que Gregory Peck foi um galã daqueles que bem vocês sabem, é fato que algumas de nossas 17 leitoras terão prazer em sustentar contra qualquer Colin Firth desses.
Vendo (acho que pela primeira vez direito, em uma manhã nublada de férias, família dormindo até mais tarde) A Princesa e o Plebeu (Roman Holiday - 1953), além de apreciar a rara combinação de astros (Audrey Hepburn em seu primeiro papel, e já ganhando um Oscar), direção, cenários (todo filmado em Roma), roteiro e outros etcs que fazem do cinema americano de 60 anos atrás o cinema americano de 60 anos atrás, reparei na quantidade de filmes posteriores que fazem referências e citações a este, que se configura portanto em um clássico absoluto.
Fora Diários da Princesa e Demi Lovato em Programa de Proteção para Princesas - que por sinal passava no Disney Channel de manhã e me levou a lembrar de assistir o Princesa e Plebeu recém adquirido - são inúmeros os exemplos.
Escolhi dois:
1) Cena no mercado em Alladin:


2) Entrevista coletiva em Notting Hill:



Mais não conto, porque afronta os princípios do M.A.T.E. Fiquem com um clipe montado com cenas do filme:

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Pop

A força do pop quando se encontra com a qualidade (sem entrar no mérito de que gosto não se discute, afirmativa aliás da qual discordo) tem qualquer coisa de bela e misteriosa. Pensem em Beatles, Jane Austen, Pelé. mas pensem também em Gang 90 e Absurdettes, por exemplo.
Copiando aqui pro computador uns CD, deixei a Clara brincando online de colorir Hannah Montana e sua turma, e após o primeiro choque estético dela pedir, nesse contexto, Deixa a música tocando aí, e era um Paulinho da Viola de primeiríssima cepa (Sentimentos, 1973, faixa 1 do LP Nervos de Aço), percebi da sala de TV ela conhecendo e imediatamente cantarolando junto o refrão de Telefone, Oh, meu amor, isso é amor, na versão Sandra de Sá.

Na sala da TV eu assistia a outra manifestação fortíssima do alcance do pop, o documentário Don´t You Forget About Me, título tirado da canção interpretada pelo Simple Minds no filme O Clube dos Cinco (The Breakfast Club), uma das obras-primas do produtor, diretor e roteirista John Hughes, que fez um punhado de filmes antológicos pra quem viveu nos 80 - e/ou viu muita Sessão da Tarde e reprises de TV a cabo de lá pra cá. Pra quem esqueceu da música:
Pois bem, o documentário narra a viagem (literal) de cinco canadenses que partem em busca de John Hughes, recluso e ausente da mídia desde o fim do século XX, tendo dirigido seu último filme em 1991 e continuado a escrever roteiros sob o pseudônimo de Edmond Dantés, aka O Conde de Monte Cristo.
Entre depoimentos de atores, diretores e outras pessoas do mundo do cinema, o roteiro mostra a aventura dos cinco (O Clube?) e o impacto que os filmes de Hughes (A Garota de Rosa-Choque, Alguém Muito Especial, Mulher Nota 1000, Gatinhas e Gatões, Curtindo a Vida Adoidado) têm ainda hoje sobre os adolescentes.
O filme tem um certo suspense que eu como sócio-fundador do M. A.T.E. (Movimento Anti-Trailer Explícito) manterei. Mas posso dizer que à época do filme, John Hughes ainda não tinha subido pro andar de cima, o que ocorreu precocemente em 2009, aos 59 anos. Não achei ainda por aqui em DVD, mas acredito que chegue numa Blockbuster dessas (ou talvez em uma locadora menor, sei lá. Cartas etc.). Por enquanto está passando no canal Max (ex-Cinemax). O Correio do Etc possui uma cópia.
Pra quem quiser situar melhor os filmes, vale ver a homenagem no Oscar, cuja incorporação foi retirada por motivos de copyright do Youtube, e os trechos abaixo, incluindo um Ultimate Tribute, o clipe de Don´t You Forget com cenas do Clube dos Cinco e, last but not least, cenas de Curtindo a Vida Adoidado, o filme favorito de Mestre Alvimp, e de Some Kind of Wonderful, Alguém Muito Especial, o meu.
Ah, depois de Clara cantarolar junto o refrão Oh, meu amor, isso é amor, veio me perguntar, Pai, nessa música é, Oh, meu amor ou Oh, meu avô? Faz sentido.
A pontuação dos diálogos do post de hoje é uma homenagem à subida de José Saramago, um dos escritores favoritos do Mestre Alvimp (Saramago e Ferris Bueller no mesmo post pode ser demais pra ele...), e meu.



domingo, 4 de julho de 2010

Sobre a Copa


clipe de lances de Cruyff

O título do post podia ser Todos Juntos Fomos, mas achei agressivo. O texto é de um e-mail que escrevi para meia dúzia de anigos correspondentes em assuntos de futebol, no day after do laranjaço, durante a goleada teutônica sobre os argentinos - notas acrescentadas depois em itálico:

Ressalvando que não acompanho mais futebol, só Copa, e posso estar escrevendo muita bobagem, mas é divertido...

Comecei a escrever aguardando a entrada em campo de Alemanha e Argentina, continuei no intervalo e termino agora, já bem mais relaxado com o show de bola (que beleza poder usar essa expressão em seu sentido original) da Alemanha nos hermanitos.

Antes de falar da Seleção, alguns comentários genéricos sobre a Copa:

1) è a Copa dos sul-americanos!!! - ufanismo booobo. Brasil e Argentina já estão no avião. Uruguai e Paraguai vão ser a sensação da Copa? A conferir. (o Paraguai saiu e o uruguai ficou, em dois jogos absolutamente épicos!) Acho que a Copa começou ontem, três europeus (os favoritos - Alemanha, Holanda, Espanha), quatro sul-americanos e Gana. E está arriscando dar três europeus nas semifinais. Normal. (deu mesmo)

2) Melhores do mundo. É muito diferente do que melhor da Copa, não? Olha os subitens:

2.1) Quem jogou mais na Copa? Cristiano Ronaldo ou Grafite?

2.2.) No primeiro dia que marcaram o Messi ele teve seu dia de Zinho...

3) A Argentina ainda tem que batalhar pra sair do segundo escalão em Copas:

- um vice em 30, quando era praticamente um torneio americano (os EUA foram terceiro nessa Copa!)
- sumiço geral por mais de 40 anos - a não ser pra fazer vergonha em 66 com um tal de Rattin que foi expulso acho que contra a Inglaterra e ficou rondando o campo e cuspindo tsc tsc tsc
- campeã em 1978, nas circunstâncias sabidas
- campeã em 86 e vice em 90, com Maradona
- só

4) Por sinal, a França é a maior enganação das Copas depois (ou antes, sei lá) do Cristiano Ronaldo: ganhou aquela final esquisítissima e acha que tá no Clube...

5) A Alemanha pode até ser derrotada (não levo fé na Espanha, peguei implicância com aquele tico-tico no fubá), mas até agora foi quem jogou. Que beleza os jogadores passando a bola pro outro fazer o gol! Onde estavam Podolski e Scheiwseiláoquê na hora dessa eleição aí de melhor do mundo?

Vamos ao Brasil. Mais cedo vi a coletiva do Dunga no youtube, e confirmaram-se minhas impressões. Essa turma (Ricardo Teixeira, Dunga), não tem noção nenhuma do significado da instituição Seleção Brasileira (por exemplo ninguém precisa dizer que é de futebol, basta falar Seleção).
Ontem à noite fiz questão de ver o verdadeiro jogo, que é o videotape (Nélson Rodrigues), e acho o seguinte sobre a postura (?) do Dunga nessa eliminação:


1) assumir a responsabilidade pela derrota - ora, e daí? Discurso vazio. O cara não se arrepende de nenhum milímetro, vai pra casa achando que tava certo em tudo. Diz que "o Brasil perdeu porque não jogou no segundo tempo igual no primeiro." Só faltou dizer que foi porque fez menos gols que a Holanda Mas por que não jogou? É a mesma soberba do Kaká, depois de expulso por ser um bobinho posando de bad boy, dizendo que recebeu milhares de mensagens de apoio e estava com a consciência tranquila. Confunde-se o status de celebridade com a conduta adequada. E cadê ele no campo do fim do jogo, cumprimentando o técnico da Holanda e os jogadores derrotados? O Maradona tomou de 4 e tava lá!

2) o juiz japonês atrapalhou o jogo - o dia em que a Seleção depender de um juiz de qualquer planeta pra jogar decentemente uma partida de Copa do Mundo, é melhor não ir.

3) os jogadores estavam com um semblante no vestiário que se vcs vissem entenderiam melhor o "resgate do orgulho de jogar na Seleção" - só vomitando. Os jogadores se esforçaram, não têm culpa maior que as próprias limitações (exceção ao Filipe Melo, mas sempre a culpa amior é de quem escala o sujeito, que não tem condições pessoais de jogar nem futebol, que dirá Copa pela Seleção), mas, novamente, e daí?

4) fica complicado mexer com um a menos - mas pra botar quem? Julio Baptista? Kleberson? Grafite?

5) o time foi vencedor nesses quatro anos - foi? Olha só, pra mim a Seleção só disputa uma competição: COPA. O resto é preparação. Ganhar Copa América, da Argentina, etc, é petiscar esperando a hora da Copa. O time do Dunga foi PERDEDOR. E não é porque não foi campeão. É porque (corrijam-me, porque eu não acompanho mais futebol, só Copa do Mundo) não formou um time que representa com dignidade o futebol brasileiro. Perder é do jogo, ontem antes de finalmente dormir às duas da manhã, fiz mentalmente um ranking das participações nas Copas, mando no fim do e-mail.

O Brasil apostou na defesa pra ser campeão. Ah, sim, como no caso daquela outra seleção que também ganhou uma Copa apostando na defesa. Qual foi mesmo? Itália de 82? Bom, o futebol italinao tem essa tradição. E o Rossi fez três gols no mesmo jogo. Alemanha em 74? Sim, usou a defesa pra marcar o Cruyff. (que deu uma arancada com um minuto e sofreu um pênalti. Aliás, o video de abertura do post mostra como era enjoado marcar o cara. Brasil em 94? Romário e Bebeto no auge, hmmmm, acho que não. E além do mais, o plano do Dunga era chegar na final se defendendo e o chutar o último pênalti pra fora? E no dia em que a defesa falha, toma dois gols, um frango do melhor do mundo e um erro de bola aérea? Faz-se o quê?

ETC ETC ETC ETC ETC ETC


Participações do Brasil na Copa, da melhor para a pior:
(na minha modesta opinião - não estou falando dos times, mas da participação, e do contexto de cada Mundial)


70 - no comments

58 - só atrás de 70 porque Pelé e Garrincha não entraram desde o início e a Seleção não ganhou todas

62

02

94 - o pior título, no clipe aparece um italiano decidindo...

50 - perdeu na final por uma dessas coisas, mas foi uma participação brilhante

82 - perdeu nas quartas por uma dessas coisas, mas foi uma participação brilhante

98 - perdeu na final por uma dessas coisas, mas foi uma participação honesta

38 - na semifinal para a então campeã Itália, e que ganhou a Copa

78 - terceiro lugar com fatores extra-campo (suborno etc). o time era médiozinho, mas a participação foi razoável. podia ter sido vice da Holanda

54 - saiu nas quartas, perdeu pra seleção sensação da Copa, que acabou vice

74 - quarto lugar, perdeu pra seleção sensação da Copa, que acabou vice, mas foi ruim demais a participação. Pelo menos ganhamos da Argentina

86 - perdeu num jogo para um adversário igual, nos penaltis, com Zico perdendo aquele penalti no tempo normal (jogada dele, bom lembrar)

10 - pelo menos não perdemos pra Argentina

90 - perdemos pra Argentina, justo quando jogamos bem um jogo

06 - só jogamos bem com os reservas e quando não valia nada

30 e 34 - um jogo uma derrota, mas ainda ganha de

66 - por causa da expectativa, afinal, tinha o Pelé e éramos bicampeões

O Dunga pode se orgulhar de seu time ter feito a 15ª melhor participação em 19 Copas...

A Maior Diversão - Toy Story 3

Eu implico bastante com esse lance de 3-D. Precisa? O troço existiu nos anos 50 e foi abandonado. Deve ser ranzinzice da idade. Aguardo para breve a volta do filme mudo. Mas a Clara gosta, fazer o quê... Afora esse pequeno incômodo, Toy Story 3 entrou no rol dos recomendados (aqui e nos classificados amorosos de filmes carentes). Tenho uma teoria de que livros e filmes (e novelas, e seriados) dividem-se entre os que têm bons personagens e boas histórias. De vez em quando um García Márquez desses aí junta as duas coisas, e claro que um filme com boa história e personagens muito ruins ou vice-versa não sobrevive. Mas há uma margem em que bons personagens sustentam uma história não tão original. A maioria dos desenhos Disney, Jane Austen, (ressalva: era talvez original na época, mas tanta gente copiou que virou clássico, por definição não original) JK Rowling e Frank Capra me parecem estar muitas vezes nesse caso.
E Toy Story. Woody, Buzz e os outros brinquedos são geniais. Minha sobrinha Raquel e minha afilhadinha Olivia ("Que que você quer, Olivia?" "Colo do Dindo"... Resistam, se puderem...) concordam. E o terceiro episódio, mesmo com um vilão sinistro, no sentido da minha geração e não no da delas, mantém e aprimora o nível da saga. Parêntese: tenho achado os vilões e as maldades dos filmes pra criança em geral dramáticos demais. Acabo preferindo só as comédias. A Clara se debulha em lágrimas porque explodiram a casa do velhinho, largaram os brinquedos da menina perdidos no parque, o bichinho morre e vira estrela etc. Mas deve ser etc.
Bom, o TS 3 mostra Andy, o menino dos brinquedos (pra usar o padrão das legendas do Animal Planet: Clara, Bela´s human) vai pra faculdade e tem que arrumar o antigo baú. Uma confusão entre destinações (lixo - sótão - creche comunitária) gera a trama, que tem momentos tensos, várias citações a filmes de aventura/ação como a quadrilogia Indiana Jones e Missão Impossível, um desempenho arrasador e hilariante de Buzz Lightyear e Ken (o da Barbie), muitas piadas (e alguma reflexão do tipo o tempo passa os filhos crescem - se bem que é só olhar pra eles, né?) para pais e aquele padrão Disney. Ah, e final feliz e emocionante, quando as lágrimas de Clara e das demais crianças na sala escura não foram seguramente as únicas. Use as promoções do seu cartão de crédito e vá num cinema perto de você. Ainda pegamos uma sonora vaia quando o cinejornal mostrou as notícias do desembarque da Seleção após o laranjazo, mas felizmente já era após o salsichãozaço nos argentinos, o que sempre alivia o peso da eliminação nesse coração calejado e cascudo de dez Copas. Além da companhia no dia da eliminação ("Tchau, Olivia" "Tchau, quirido..." Resistam, etc.) Fiz até um texto sobre a Copa para alguns amigos, quem sabe vira post...
E, pra quem já viu o filme, juro que ninguém tinha me contado a sequencia de abertura quando filmei Clara, momentos antes de saírmos pro cinema:

sábado, 19 de junho de 2010

Um disco aos sábados - Agora o céu vai ficando claro (Regina Machado)

Não sou um irremediável saudosista, ao contrário do que as mil palavras aí ao lado podem sugerir, mas continuo achando que a audição de canções em um álbum, com uma sequência predeterminada, com um conceito artístico as amalgamando, é uma experiência estética única e relevante, assim como o modo aleatório do Ipod, que é outra onda.

O disco que me fez hoje reafirmar essa convicção - e me distrair um pouco de outro um a zero nessa irresístivel e morna Copa do Mundo (irresístivel por fazer parte da infinitologia épica que retorna a cada quatro anos, infalível, e morna pela escassez de brilho e gols, e pela concentração de 20 jogadores em mil metros quadrados de um espaço que foi feito com sete mil pra se jogar. Pra vocês verem o poder gravitacional da bola...) é Agora o céu vai ficando claro, de Regina Machado, com composições de Fred Martins, Chico Saraiva, Celso Viáfora, Luiz Tatit e outros.

Não conhecia a Regina, que tem uma voz que me lembrou Mônica Salmaso, só que mais imperfeita, no bom sentido. Acompanhada pelos brilhantes violões de Italo Peron e Norberto Vinhas (com direito a crédito na capa), vocais e percussão vocal dela mesma, Regina desfia um repertório delicado e intenso, em que as canções conversam entre si, e o backing vocal de uma faixa reaparece em outra, como amigos que se encontram por acaso no metrô. Em alguns momentos a gente nem percebe que o disco passou pra outra faixa, sem que com isso a levada das canções caia na mesmice.

Embalados em melodias bem desenhadas, espalham-se pelo disco versos como "Quem vive sofrendo, um dia se acostuma / Quem vive chorando, um dia se acostuma / Quem vive perdendo, um dia se acostuma / Ah, meu amor, se for pra acostumar / Prende a tristeza no pé da mesa / E vamos nos amar / Pra se desconhecer / Depois se acostumar" (Costume - Chico Saraiva, Celso Viáfora) ou "Usando as chaves da cidade / Eu tranco as portas / marginais / e o metrô / Será a cidade enfim / De mais ninguém / Só de nós dois / Eu quero a cidade assim / Não em milhões / toda pra nós dois / Carros bagunçados pelas ruas / quase tudo que passou / De rosto colado nós / dançamos sobre esse chão / multicolor" (Multicolor - Leo Bianchini, Fabio Barros)


O título do álbum saiu da letra desta bela parceria de Fred Martins e Francisco Bosco (cujo verso mais desconcertante, no entanto, é "Eu que tô sem chão no alto da gangorra")


Perfeitamente, de Fred Martins e Francisco Bosco, por Regina Machado

Reparem que a segunda estrofe da canção, que se inicia com o verso da gangorra, vem com ritmo acelerado e a melodia torna-se picada, nervosa, criando um efeito, digamos, dramático. O céu vai ficando claro, você me esquece e eu afundo. Essa foi digna do tempo do toca-discos, aliás em perfeito contaponto à proposta da letra de O Samba me Diz, que abre o disco, e da qual já falamos aqui.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Todos Juntos Vamos

O post ia se chamar A Copa e o Imponderável, mas não custa nada fazer um chamamento à união nacional nesta hora difícil em que faltam pouco mais de 15 horas pra bola rolar pra seleção canarinho em sua décima-nona Copa do Mundo - e minha décima, descartada a participação na de 70, em que piquei papel durante toda a final e criei um jogador imaginário, o 'Gonabara", que inclusive desfilou em carro aberto pela principal avenida de Niterói. Eu tenho a fita K7 para provar.
Pois bem, se você não for uma ovelha desgarrada do rebanho, está roendo as cervejas e pondo pra gelar as unhas, ou algo assim, não me cobrem coerência a esta altura! Ainda mais com o Klose ameaçando bater o recorde do Gordo de gols em Copas!
Mas a parte do imponderável é o seguinte. O bolão familiar rola a pleno vapor, e, depois de 11 jogos, a Clara, 5 anos, que além de não fazer ideia se é melhor o Maradona escalar o Aguero no lugar do Higuain no ataque, tem apenas uma vaga noção do que seja Argentina, está na vigésima-quarta posição entre cinquenta e três participantes, à frente de gente que já era nascida quando o VT do jogo vinha de avião do Chile e passava dois dias depois, fanáticos por futebol, engenheiros da Petrobras e etc.
Claro que ainda vai rolar muita jabulani por baixo das pernas desses beques pernas-de-pau (esperamos que dos deles...), mas sempre é uma lição de humildade para quem, como os comentaristas e brasileiros de um nodo geral, pelo menos a cada quatro anos, acha que manja muito de futebol. Viu, Dunga?
Deixa eu colocar minha (tá bom, da Clara...) vuvuzela a postos pra amanhã funcionar tudo direitinho. Ah, e assistir ao VT de Itália e Paraguai, claro.


Vem cá, já pensou rever esse lance com essas 32 câmeras da Copa de agora? Quem sabe a bola até entrava...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A menina dança

Melhores amigas ontem, hoje e sempre, no sarau da escola.

Ao fundo, no mural, o homenageado, Noel Rosa

Foi em plena Aldeia Campista, justiça poética, sabe como é: Clara dança no sarau da escola que este anos girou em torno da comemoração do centenário de Noel Rosa. Ao conhecer o nome do famoso sambista e poeta há algum tempo atrás ela indagara: - Ué, o Papai Noel não anda sempre de vermelho? Por que rosa?
Mas o centenário tá aí, homenagens mis, inclusive um disco de Martinho da Vila. A preparação das meninas é da Tia Suzana. No fim do ano tem mais...


segunda-feira, 10 de maio de 2010

O Tempo e os Dentes




Os dentes brancos do mundo de Marcos e Paulo Sérgio Valle, com Zélia Duncan


Em janeiro de 2005, aquele antigo imperiódico, irregulário e alatário, O Correio de Clara, publicava em caracteres garrafais: Habemus Dente! Pois é. O tempo, esse sábio senhor, escoou-se nas esquinas e eis que hoje, no banho pré-escola: Habemus um dente de leite a menos! Aquele dentinho que nem se vê na primeira foto também não se vê na segunda, porque chegou a hora dos permanentes. Pra completar a odontoepopéia familiar, um dentinho da priminha Raquel (2), que teimava em não sair, despontou ontem após uma visita à casa nova de Clara no sábado. As forças do Tempo e dos Dentes estão em ação! Breve num cinema perto de você!


A trilha sonora do post é em homenagem à Tia Erica, que deu o CD. Canção da genial dupla Marcos e Paulo Sérgio Valle, em versão de Zélia Duncan (o original ainda tá ensacado na mudança). O curioso é que ouvindo agora pesquei a citação de Aquele Beijo (Tavito), que na verdade deve ser ao contrário, uma citação do Paulo Sérgio Valle, "se eu tiver que me perder etc." Não conferi as datas, mas de orelhada acredito que a canção dos Valle precede a do Tavito. Cartas para etc.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Move yourself

A mudança era no dia seguinte. Liguei de manhã na cozinha um rádio que normalmente serve mais pra fazer companhia à Bela, nossa boxer, quando fica sozinha, coisa que nunca faço, e depois do repórter aéreo anunciar trânsito lento na Linha Vermelha, Amarela, Pres. Vargas, enfim, a mesma coisa dos últimos dez anos, entrou a canção: "Eu hoje joguei tanta coisa fora, e vi o meu passado passar por mim." Bem apropriado, não? Mudar depois de dez anos mexe bastante com a gente. Deu tudo certo, os lápis de cor de Clara não sumiram no traslado, como chegou a aprecere em um momento de crise lá pelas sete da noite, quando a fome e o cansaço cobravam seu preço (e o sono...), já temos internet, como podem ver. E acho que sou mesmo adaptável. Meu antigo apartamento, doze horas depois de fechar a porta da frente levando a samambaia que nos acompanha já por três imóveis, quatro contando o interregno em Niterói, já me parece uma recordação de vidas passadas, um sonho bom que passou. Agora é o futuro que eu estava esperando (Leoni, 2000 e algo). Gostei de fazer um post de um só parágrafo, assim conciso, disse ele digitando o milésimo centésimo septuagésimo quarto caractere.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

eu, o outro

Cada um no seu quadrado, mas com a possibilidade (necessidade?) de juntar os quadrados, desmanchar o arranjo, rearranjar, fazer parcerias, colaborações, voar solo às vezes etc. Não combater as diferenças, se ainda não for possível tolerá-las. Tolerar as diferenças, se ainda não for possível aceitá-las. Cada um no seu momento.
Às vezes me impressionam a qualidade da literatura e música infantis brasileiras, não fôssemos o país de Monteiro Lobato. No caso da música, é até engraçado. Música infantil hoje é Arnaldo Antunes, Adriana Calcanhoto, como já foi Chico e Vinicius. E Palavra Cantada, claro.
Acho que esses adultos que andam por aí sobrevoando obssessivamente o proprio umbigo, ressalvando fatores sócio-econômicos, sofrem da síndrome da pouca exposição à literatura infantil. Parece que acham que precisam afirmar seus direitos. É lindo que haja direitos de milésima geração, mas há que se atentar para as responsabilidades correspondentes... E saber que pensar no outro não tem nada a ver com se sacrificar, abrir mão de sua identidade etc.
Todos esses pensamentos afloram devido à audição de Mil Pássaros, CD do Palavra Cantada que apresenta sete histórias de e narradas por - pausa para reverência profunda - Ruth Rocha. Para cada história, o Palavra canta uma canção. Na história bom Dia Todas as Cores, há um camaleão que tenta agradar ao gosto de todos os animais, mudando de cor ao sabor dos pedidos. Depois de um longo e cansativo dia de mutações cromáticas, resolve seguir sua cabeça, na filosofia de ser feliz para então transmitir felicidade aos que estão ao seu redor. Frase que fecha a história: "quem não agrada a si mesmo, não pode agradar ninguém". É por aí.
Ah, a canção:

Camaleão de Paulo e Zé Tatit, com o Palavra Cantada

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Montessoriando

Clara (e Matias) estuda(m) em uma escola montessoriana, e somos fãs da filosofia. Vejam alguns dos pensamentos expostos em cartazes/panfletos:

"Todo o trabalho de aprendizagem pode ser resumido como uma busca diária da resposta à questão: como podemos ser felizes?"

"Incentivamos a criança a: pensar diferente; pensar por si mesma; pensar nos outros".

Essa semana teve a Feira do Livro, em parceria com a tradicional Livraria Eldorado. A Agrupada (turma que reúne crianças de várias idades e em vários estágios de aprendizado) de Clara confeccionou em conjunto o livro da Linda Rosa Juvenil:


segundo Clara, ela fez os corações na casinha e Ana Julia

(melhores amigas ontem, hoje e sempre*) pintou o telhadinho rosa.

A escola estava com os murais repletos de poesias de Vinicius (As Borboletas) e quejandos, além de exposição de trabalhos variados das crianças e adolescentes. A Agrupada III (1° ao 4° ano, aproximadamente) produziu classificados poéticos:


>>> Vende-se um homem de algodão doce, pipoca e chocolate, que faz o bem para todos, não joga lixo na rua, não polue as coisas e as plantas. Quem tiver interesse procure por Leticia e Luiza na rua do .

>>> Vende-se plantas alienígenas que são mágicas, cheias de brilho, feitas de Lego e que fazem as pessoas felizes para sempre. Quem quise procure Bruno Luiz e Yago na Rua do Lego número 1235.

>>> Procura-se um leão com corpo de elefante, uma toupeira com o corpo de uma formiga, um gato com o corpo de sapo, uma girafa com o corpo de zebra, um sapo com corpo de baleia, uma tartaruga com corpo de passarinho. Ligue para Bruno Caldeira e João pedro, na Rua da Feira, 26 e 29.

>>> Compra-se um mar feito de brilho, com àguas azuis, muitas conchas brilhosas, peixes de amor e areia de sal. Se tiver dúvida, ligue para o número . Soraya e Luiza.

>>> Vende-se sonhos para brilhar no céu. Sonhos que nascem para cantar e dançar. Os sonhos da Tia Márcia** que sonha ser professora. Sonhos que andam lá no céu. Quem quiser procure Beatriz e Letícia na Rua do Céu, 22.

* Barbie e o Castelo de Diamante, 2008.

** auxiliar da escola.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Num cinema perto de você

As melhores coisas do mundo, filme brasileiro de Laís Bodanski, com trama baseada nos livros da coleção Cidadão Aprendiz , de Gilberto Dimenstein * e Heloísa Prieto, que já haviam gerado uma peça de tatro, Mano, nome do personagem principal desse filme adolescente que vale o meio ingresso na promoção Mastercard (aquele cuja propaganda diz que determinadas coisas não têm preço, o que não invalida o conceito...). Gostei bastante e já providenciei alguns livros da coleção no Trocando Livros e na Estante Virtual. Depois que ler, eu conto.

Contar a história do filme sem afrontar os princípios do M.A.T.E. (Movimento anti-Trailer Explícito - ver um post desses aí embaixo, chega de links!) não rola, mas para guia da aeronave da minha comadre Leticia, não tem violência infantil, mas tem uma situação-dramática-pra-dar-ritmo-ao-final-e-criar-um-certo-frisson-nos-adolescentes-no-cinema-que-não-têm-quarenta-anos-de-sala-escura, que à minha comadre Érica pareceu um pouco over. Tem também um indivíduo cognominado Fiuk, que, graças à Wikipédia descubro ser filho de Fábio Júnior (e não de Glória Pires), vocalista de uma banda, ator (?) de Malhação e responsável por inúmeros suspiros na sessão das duas. Mas se você não é uma fã histérica de treze anos, pode apreciar o trabalho do protagonista Francisco Miguez e de Denise Fraga, entre outros.

O filme é realista sem querer esfregar umas verdades na cara de ninguém e lírico sem ser piegas. Meio assim como uma boa letra de Arnaldo Antunes, por sinal parceiro de BID na canção-tema (que só me lembro de ouvir tocar no trailer, mas, enfim...). Pareceu-me tanto uma boa abordagem do universo púbere para pais (e futuros pais) desses seres (humanos e) estranhos como uma história com a qual os protagonistas de suas próprias histórias adolescentes podem se identificar. Ah, eu fiquei sabendo do filme por um trailer ao assistir High School Musical Brasil - o Desafio (não basta ser pai etc.), mas acho que isso não vem ao caso.

A mim não incomodou o intenso sotaque paulistano. Para ser universal, é preciso falar de seu vilarejo. Mesmo que o vilarejo seja Sampa.

Popularidade, eleições pro grêmio, preconceitos, descoberta do sexo, inesperadas viradas familiares, amizade, amor, música. A canção do Arnaldo Antunes dá um panorama da lovestory (tinha que ter) entremeada no filme, que "demorou mas veio, como a hora do recreio" e termina dizendo que "agora o tempo pode passar". Passa, pra todos nós.

Não sei se ajudei alguém a querer ver o filme ou não. De qualquer forma, o site traz um Gerador de Melhores Coisas do Mundo bem legal. Tive que dar um F5, porque não conseguia decidir entre Jogar Video-Game (o que? onde?) ou Ter um Supercelular (?) (já foi mais fácil escolher entre Pizza e Viajar pelo Mundo - Pizza, claro!), mas afinal percorri bravamente todo o processo e no fim vejam o resultado de minhas escolhas:

* Entrei pra pegar o link e vi essa matéria sobre as profissões do futuro. O item organizadores de vidas eletrônicas guarda uma semelhança incrível com a vida de bibliotecário. Ou acham que é autobrasa-pra-sardinha? Cartas para o editor.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Uma canção às quintas - O Samba Me Diz

Antes de mais, a canção:



O Samba Me Diz (Fred Martins / Marcelo Diniz)

Cada vez mais me convenço da impossibilidade de separar música e letra, ou de "ler" uma letra abstraindo da melodia. Sobre o assunto, há um texto didático, extremamente didático (leiam com a melodia da canção do Jota Quest, please) de Francisco Bosco: "Letra de canção é poesia? In: BOSCO, Francisco. Banalogias, 2007." Como o texto, salvo engano, não está disponível online, a mesma questão foi (bem) tratada por Antonio Cícero neste post do Acontecimentos.
Bom, teorias à parte, claro que dá pra analisar uma letra sob o aspecto literário, mas a questão é que o contexto do gênero (samba, rock, tango, baião), com seu universo semântico e suas tradições influencia; a ascensão ou a descida da melodia em determinada plavra influencia os entido, a maneira de cantar influencia. Um exemplo retirado de um livro do Luiz Tatit (às favas a referência, hoje é feriado!): a letra de Detalhes, se lida sem conhecimento da canção, parece rancorosa: Não adianta nem tentar me esquecer, durante muito tempoe m sua vida eu vou viver. Que praga de ex, não? Pois bem, a canção cantada é o que é.
Mas nesta apreciação de O Samba Me Diz, não vou entrar nesse pormenores. Eis a letra, pus a pontuação pra facilitar o comentário:


Pode amanhecer. O que doeu assim
já desabrochou com o que eu chorei de mim
Pode o dia vir me despertar.
O que, ontem, era dor, é flor no meu jardim.

Podem espalhar que eu não sei o que fiz.
Podem até zombar de cada cicatriz,
apontar a minha insensatez,
mas não venham dizer que eu nunca fui feliz.

Pode ser que até digam que eu não soube amar,
mas, quem espera do amor só a dor, o saberá?
O amargo sabor já se foi, hoje eu canto o que o samba me diz;
- Não é feliz quem maldiz o amor.

Ouvindo a música meio de relance, por causa da levada e do parentesco com sambas clássicos da bossa nova, principalmente os com letra de Vinicius, a gente imagina que é mais uma história de amor e dor, tipo "todo grande amor só é bem grande se for triste". No entanto, Marcelo Diniz aproveita o universo do samba-canção para compôr uma letra que passa a mensagem oposta, como por exemplo quando admite "pode ser que até digam que eu não soube amar", mas retruca: "quem espera do amor só a dor, o saberá?".

Um dos recursos da letra é o uso repetido do verbo poder na abertura de vários versos, mas com dois sentidos. Nos primeiros versos, o narrador autoriza o dia a amanhecer e a despertá-lo, porque o que doeu já desabrochou, o que ontem era dor agora é flor, celebrando a recuperação de um mal de amor subentendido. No prosseguimento da canção, o verbo poder indica uma possibilidade, "podem espalhar", "podem zombar", "pode ser que digam", ecoando o samba Você e Eu, de Carlos Lyra e ... Vinicius! Que se dane o mundo, pode acontecer o que for, não tô nem aí, não é feliz quem maldiz o amor.

As ordens inversas e o deslocamento do sentido das frases em relação à divisão da melodia (exemplo, no início do samba, "o que doeu assim" não é o que "pode amanhecer", mas é o que "já desabrochou', que está no verso seguinte) reforçam esse estranhamento, que exige que se reouça a canção apra apreendê-la e compreendê-la em sua totalidade. Recursos no qual é mestre Marcelo Diniz, como por exemplo em Raro e Comum, que começa com essa pérola:

Não vou deixar pistas, e tudo
o que eu fizer já terá sido

Não acharam essa coca-cola toda?

Tentem ouvindo a música, e percebam o deslocamento do sentido, como se a vírgula fosse omitida e disséssemos "não vou deixar pistas e tudo". Essas gracinhas com o casamento/afastamento das frases musicais e semânticas dão todo um encanto às canções, embora pra música bonita não tenha receita. Em Raro e Comum ainda tem essa brilhante frase "não vou rimar amor e dor", já rimando. Até a minha filha (deixa de ser coruja, bobo!) percebeu o meta-humor da frase. Em homenagem a ela, colquei o player rosa:


Raro E Comum

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O futuro dura muito tempo

Título de uma peça/livro, peraí, confirmei no Google, de Louis Althusser. Mas não é o caso de contextualizar o tema. Só gosto da expressão, e como aqui no Etc. a gente pode sair da rapadura para a carne seca sem muito (nenhum?) constrangimento, por conta da participação no concurso do Leoni (posts Votem em mim e Sai chorando) acabei ouvindo as músicas mais recentes do próprio e recomendo.

O Leoni tem um site muito legal, com uma área de downloads onde é possível baixar o mp3 de seus trabalhos mais recentes, com cifras e letras. Já sei, clicou e pediram um cadastro. Bom, a ideia do Leoni é essa mesmo, criar um contato com pessoas interessadas no seu trabalho. Por conta dos concursos e outras promoções bem-boladas, o site já tem mais de 46 mil cadastrados, convertendo-se em poderoso veículo de divulgação da carreira do artista. O bacana é que o Leoni entra nos fóruns o tempo todo, dialoga com os fãs (inclusive uns chatíssimos, se for o caso) na maior civilidade e atenção e o troço acaba virando uma, desculpem a expressão, rede social. A mãe do Leoni entra nos fóruns, e é um doce. Um grupo de participantes do concurso postamos, deixa eu ver, 2739 posts em um fórum intitulado Os Pertur-Bardos, que gerou inclusive um blog, só doideira, mas de boa cepa.

Eu sempre fui fã do Kid Abelha, e meus cadernos de música tinham coisas como Nosferatu, Fórmula do Amor e Esse Outro Mundo, naqueles verões emocionais dos anos 80 (século passado, vcs estavam lá, lembram? Depois ouvi Garotos II (perto de uma mulher / são só garotos) no rádio, e aí perdi um pouco o Leoni de vista. Descobri agora que ele persiste num pop azeitado, com canções sugestivas, sem pretensões e experimentalismos, com parceiros vários e títulos como As cartas que eu não mando, Hora de pular do trem, Criado-mudo, A noite perfeita.
Bom, e o futuro com isso tudo? Tem uma dessas canções do Leoni rolando forte no meu mp3 que fala dessa vontade de ser feliz, mas falta sempre algo acontecer, tem que esperar alguma coisa melhorar e contrapõe na lata: do it now! "agora é o futuro que eu andava esperando", mas deixemos que o áudio abaixo conte melhor*:





Se não agora, quando?

Depois se quiserem dizer que isso é papo de otimista, blablabla, me processem, eu recorro até o Supremo, e vai levar uns trinta anos. Pensando em outra frase, de Keynes, "no longo prazo estaremos todos mortos". Ao que retruca Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier, encerrando este post meio alucinado: "Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim".

E se ainda de quebra quiserem uma canção romântica do Leoni (me processem, me processem), tem ainda Lado Z, uma canção que (pretensãããooo..) eu gostaria de ter feito**, talvez (PRETENSÃÃÃÃOOO....) mudando um detalhe na letra:




Lado Z

*a letra de Se Não Agora, Quando?, parceria de Leoni com George Israel e Luciana Fregolente, segue abaixo, esperando que tenham ouvido a canção, pois aprendi aí nas oficinas da vida que a canção só se comunica mesmo cantada e ouvida, ler a letra é outra onda, mas não é a canção.

Serei feliz quando juntar dinheiro / Der a volta ao mundo e mudar de emprego / Serei feliz quando estiver mais magro / E couber em qualquer roupa que estiver na moda / Serei feliz quando tiver respostas / Quando for famoso e me sentir seguro / Serei feliz quando ela for embora / Quando o meu país me parecer mais justo

Serei feliz quando a dor passar / Serei feliz em outro lugar / Serei feliz quando você ligar / A sorte é que tem sempre alguém pra me lembrar

Que agora é o futuro / Que eu andava esperando / Agora é o futuro / Se não agora, quando, quando, quando, quando?

Serei feliz quando eu tiver dezoito / Sair de casa e comprar um carro / Serei feliz quando aos trinta e poucos / Comprar a minha casa e a vida for mais clara / Serei feliz quando um verso meu / Te fizer chorar e perder a fala / Serei feliz quando eu abrir a porta / E encontrar os meus problemas arrumando a mala

Serei feliz quando o sol nascer / Serei feliz quando Deus quiser / Serei feliz quando merecer / Mas escrevo pelos muros pra não me esquecer

Que agora é o futuro / Que eu andava esperando / Agora é o futuro / Se não agora, quando, quando, quando, quando?

** mais sobre as canções que eu gostaria de ter feito em outro post, qualquer dia, no futuro, quem sabe...

sábado, 10 de abril de 2010

Raminho de oliveira

Hoje que o Rio apresenta um ar de sol, é hora de sacudir a lama da tragédia, e seguir em frente. Se você não tem alguém perto de você que precise de ajuda (o que, aliás, é difícil nesses dias), pode colaborar em um desses locais de captação de doações. Como sempre, ao caos do Brasil e do Rio se levanta a beleza da solidariedade. O pessoal do site do Leoni também está participando da mobilização, a entrega dos donativos vai ser no show dele, dias 24 e 30, nas Lonas Culturais de Vista Alegre e Bangu.
E porque a tristeza é grande, mas a mobilização tem que ser maior, vejam aí esse clipe, pra dar uma levantadinha no astral.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Sai chorando!

Toda noite, Clara tem que ter "uma história de livro"* depois uma "história de olhos fechados...", antes de embarcar pro país de Morfeu, coisa que ela desde bebê nunca gostou muito. A parte do livro é ótima porque já vai criando o gosto pela leitura, e as histórias contadas têm também seu lado divertido (e cansativo...). Mas pior é quando rola a requisição de que a tal "de olhos fechados" seja "história inventada". Eu já fiz muito, mas ando com os neurônios meio desgastados, então apelo pro enredo de filmes/desenhos, que ela também gosta, e pra mim é mais fácil. E tome de Barbie e as 3 Mosqueteiras, Barbie Vida de Sereia, Alvin e os Esquilos, Hannah Montana o Filme, A Noviça Rebelde, Barbie e o Castelo de Diamante, Turma da Mônica em uma Aventura no Tempo, Barbie Princesa e Plebéia, Cinderela 3**, Vira-Lata e o que tiver sido visto no cinema ultimamente. De vez em quando acordo contando barbaridades tipo "aí a Ariel perdeu o sapatinho..." "Pai, ela é uma se-rei-a!". Já a mãe tem um vastíssimo repertório de Irmãos Grimm e histórias do avô, além da própria imaginação, e vai levando.

Tentando finalmente chegar no título do post, tem a tal história do Rumpelstizinho (no original Rumpelstiltskin, ou algo assim. Não sei se é adaptação, mas quando as candidatas a princesa erram a resposta das charadas (uma caixinha / de bom parecer / não há carpinteiro / que saiba fazer - resposta no fim do post0, a Rainha detona: "- SAI CHORANDO!!!!.


Tudo isso pra dizer que não ganhei a votação do paredão do concurso do Leoni, mas agradeço o apoio. Ainda há uma repescagem, mas o que valeu mesmo foi a diversão e os amigos virtuais que fiz no site, dentro do fórum dos pertur-bardos, que hoje acabou gerando um blog. Rolam atualmente vários outros concursos na área da canção brasileira: jingle da Claudia Leitte pra Copa, Arnaldo Antunes/Estadão e Herbert/Nextel - o video de lançamento é genial, mas eu sou suspeitíssimo pra falar de Mr. Vianna...

*Ou ver um livro, ela está arriscando ler os títulos dos capítulos, por exemplo, da Bruxa Boa (Lya Luft), com assistência, e tem também uma série de livros Onde Estão os Animais da Floresta/Selva/Fazenda etc, tipo um Onde está Wally. Nas figuras de página dupla, tem sempre um animal que não devia estar ali, tipo um urso polar no deserto ou um canguru na fazenda. Um intruso, como diz o livro. Pois bem, sabe-se lá por que cargas, Clara chama o bicho deslocado de ecossistema de "roubador". Não conseguimos mais mapear a etimologia da palavra, ficará para os futuros estudiosos do clarês médio, variante do português praticado no início do século XXI na região da Grande Tijuca, Rio de Janeiro, que... mas isso já é outra história, quer dizer, post.

** Não topa mais Cinderela 3, já está meio crescida pra princesas. Quer dizer, ainda curte uma Ariel, uma Yasmin, uma fantasia da Princesa Aurora, mas já não é a mesma coisa. E eu que gostava tanto dessa sequel, com viagem no tempo, e uma Cinderela Power que cotovela a parede da abóbora transformada em carruagem enfeitiçada pela madrasta que se apossou da varinha mágica, quando então... Foi mal aí, mempolguei, aluguem o DVD... Mas que é maneiro ela olhar o castelo cintilando ao longe, o ratinho perguntar: "Oh, Cinderela, e agora o que você vai fazer?", porque o Príncipe*** estava casando com um clone da Cinderela, uma das irmãs feias e invejosas, tudo por artes da madrasta malvada que conjurou o lado negro da força, e a Cinderela responder: "Voltar pro castelo. Não vou perder meu casamento por nada desse mundo...", lá isso é maneiro.

*** Há um tempinho atrás: "Clara, como é mesmo o nome do príncipe da Ariel?" "Eric" E da Bela Adormecida? "Felipe" E da Cinderela?" "Herdeiro".

resposta da charada do Rumpelstietc: ovo.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Votem em Mim!




Só até amanhã (8/4)! Cliquem AQUI.


Tem um rápido cadastro. Já ouço Pad dizendo, Pô, só faltam pedir a data da vacinação contra a varíola! O que vale é a amizade...



Pra saber em que votar, por que votar, continuem lendo:


Estou de novo em um concurso de composição do site do Leoni. Ele deu um soneto de sua autoria para os interessados musicarem. Mesmo sem tocar nada além de assovio, fiz minha tentativa. Devido a um impedimento da minha amiga cancionista Clara Gomes (do Bichinhos de Jardim, e que tem o mesmo nome e sobrenome da minha filha, mas isso etc.), fui obrigado a cometer uma interpretação (!?) própria, com o auxílio do violão de outro concorrente, o meu amigo... Nuno Rau. Ano passado participei de outro concurso do Leoni, às avessas, como alguns devem lembrar, ele dando a melodia pra gente letrar, o que era mais possível. Quem não viu, taquí. Lembrando que o que estava em jogo era a letra, a interpretação era só pra mostrá-la ;D.


Essas participações são mais um fruto das oficinas de letra de canção de Fred Martins, primeiro com Francisco Bosco no POP, depois com Marcelo Diniz na amena e agradável localidade de São João de Icarahy na Vila Real da Praia Grande, ou, para leigos, Icaraí, Niterói. Minha experiência anterior com as paródias da Praia de Carapebus não impediu que eu fizesse o Fred e o Francisco sofrerem bastante com letras que assim, veja bem, sabe como é, não, tá bom, mas... Algum tempo depois, já dá pra se arriscar mais. Na última oficina ano passado, antes do Fred partir para a ponte aérea Galícia-Nicty, ele fez uma proposta de levarmos uma melodia. Eu tinha uma composta de assovio na rede da casa azul de Titice e família, Parada na Beira do Mar, para a qual o Fred fez uma melodia de segunda parte num exercício da oficina e que aliás precisa ser gravada e mostrada ao mundo, alô Nuno Rau. Agora fico gravando ideias de frases musicais no celular pra não esquecer. Letra ainda é disparado mais minha praia, mas o lance das melodias é divertido.


O concurso do Leoni tem 150 candidatos, vários paredões, um julgamento final com a participação de três compositores e um fórum de debates no site que é absolutamente hilário. E não, eu não comecei o blog só pra agora pedir votos. Tanto que mandei também um e-mail pra (quase) todo mundo que conheço hehehe.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Clara às terças

Viram Avatar? Gostei mais de Guerra nas Estrelas.

Quem já leu algum post aqui sabe que miha filha Clara aparece toda hora. Mas, vá lá, ela nasceu numa terça, hoje é terça, e sempre achei estiloso blogs que tem essas seções semanais. Reeditando a antiga Dito e Feito*, do Correio de Clara, irregulário que etc.:


- Pai, você vai ficar 10 anos mais jovem.**
- Mãe, o pai tem um buraco na cabeça!
- Pai, você é careca!***
- Eu vou dar um jeito no seu cabelo.****



antes


depois



Tá certo, não melhorou tanto assim, mas ela só tem 5 anos e milagres capilares (bom título prum blog, não? Não.) são raros mesmo.

* Dito e Feito são personagens da série Cocoricó, da TV Cultura. Na música-tema tem um có-có-coral que aos dois anos Clara chamava de cocolau, papai, cocolau, e que custou, mesmo com todo transdoutorado em clarês, a ser entendido.
**Também rola Discovery Home and Health na telinha aqui de casa...
*** Há um certo exagero na afirmação...
****Pelo menos não rolou nenhum comercial de Sprite. Dessa vez...

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Sobre o feriado forçado pela chuva:

- Eu achei que ia acordar, mamãe já tinha ido trabalhar, você aqui na sala, esperando a rua esvaziar, Nena já tinha chegado, eu ia fazer minha vidinha, brincar, tomar banho, almoçar, ir pra escola....

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Dos arquivos - omitido, salvo engano, senão vale o replay, no Correio de Clara n. 31, ela aos três anos:

QUEM CONTA UM CONTO

- Pai, eu vou contar a história do João e o Pé de Feijão. Era uma vez, subindo pelo pé de feijão, lá em cima, tinha uma galinha. O João queria a galinha, mas só a avó emprestou. Aí a princesa – mas era a princesa da bruxa – foi pra casa triste. Aí o moço ruim pegou, levou a mãe, levou a avó, levou a galinha, levou todas pro marreco. Aí veio um moço muuuuito legal e soltou elas e pegou uma espada bem grande e eles ligaram o ventilador bem forte e o moço ruim foi embora no vento. E fim.

FASE AZUL

Tal qual Picasso, Clara viveu sua fase azul há uns três meses, quando caiu-se na besteira de deixá-la sozinha na sala brincando com uns carimbos de tinta recarregável. “Ela está tão quietinha...” A fase azul englobou camiseta, tórax, rosto, mãos, língua, antebraços, mesinha de desenho e graças a Deus parou por aí, poupando sofá, paredes etc. Só nos lembramos de façanha semelhante do nosso leitor assíduo, crítico benevolente e jornalista consagrado nas horas vagas – Sérgio Léo – que, rezam as tradições familiares, teria explodido no século passado uma caneta, por meio do singelo expediente de vir riscando a parede até encontrar uma tomada. Quando seu pai chegou do trabalho, “Serginho ainda estava meio azul...”

HORA DE DORMIR

- Vem dormir, Clara.
- Ah, não, Mãe, tô dando comidinha pa todo mundo...
- Mas filha, eu não falei que quando acabasse Cinderela 3 tava na hora de dormir?
- Ah, não, Pai. Pála, Pai.
- Que horas você vai dormir?
- Oito.
- Mas são dez e meia....
- Vem, filhaaa....
- Sai dessa aflição, Mãe!

DICIONÁRIO

Cada vez mais fã das canções curiosas do Palavra Cantada e congêneres, as letras despertam um interesse semântico compreensível em Clara:

- Pai que que é colosso?
- É uma coisa muito grande, muito boa.
- E infinito?
- É uma coisa que não acaba nunca.
- É. Por exemplo: meu macaco não acaba nunca de desenhar!

CURTINHAS

- Clara, o sapato tá trocado.
- Eu concordo que o sapato não é nesse pé.

- Sentaí, Giovana . Você é muito descarinhosa...

- Pai, quero água. Bota do velcro da pia.

- Bernardíssimo! (exclamação solta em conversa com um dos bonecos, contexto não esclarecido. Sempre lembrando que Benado Bandão é um dos coleguinhas do Grupo Verde da Creche.)

- Macaco Rosa, não minga (choraminga?)não.

- Não quelo!
- Por que não?
- Porque não!
- Não, assim não pode. Tem que explicar porque não quer.
- Porque nãozinho... (com suavidade, ternura e meiguice. Vai resistir...)

- Sua Dinda mandou um beijo pra você.
- Tá, eu acredito.

- Não gosto de água de côco. Me dá água sem côco?

- Quero lenço dimecido
- É u-me-de-ci-do.
- Om-be-ne-ci-do.

- Clara, e você, vai ser o que quando crescer?
- Cachorro...


COM QUEM SERÁ

- Pai, o que é isso no seu dedo?
- É minha aliança, um anel, que eu pus quando casei com a Mamãe.
- Eu também vou botar um anel no dedo quando casar. Talvez com Pedro ...

CANCIONISTA

Deu pra inventar letras de música em cima das melodias de canções conhecidas. A quem será que essa menina está puxando?:

“Ela foi no Tororó
Ela não achou água pa beber
Nem biscoito pa comer
Nem manteiga pa lamber
De noite ela não quis, jogou no chão
E ficou sem nada pa botar no pão.”

PERSPECTIVA

- Pai, pega o lápis azul ali no chão?
- Mas, Clara, você tá mais perto...
Sai voada para o corredor e lá da porta do banheiro manda:
- Pai, você tá mais perto. Pega....

CASTIGO DRÁSTICO

Dirigindo-se à boneca:
- Agola vai ficar sem comer.
- Mas por que, Clara?
- Ela não tá obedecendo.
- Mas, filha, deixar sem comer é um castigo muito sério, não pode deixar a criança sem comer porque não tá obedecendo, ela vai ficar com fome, fraquinha. Não, esse castigo tá muito ruim.
- Mas ela vai poder correr!!

SINCERIDADE

- Clara, já tomou as bolinhas (homeopatia, homeopatia)?
- Já.
- Mamãe te deu?
- Deu.
- Não tomou nãooo... (vem a voz da Mamãe).
- Eu tô quelendo mentir...


MEU CONGA É VERMELHO

- Giovana nem reconheceu meu sapato... Mas Rodrigo adolou a cor!
Giovana, segundo relatos dos pais, fica se vestindo e perguntando: “Será que Clara vai de arco hoje?” Enquanto isso, no Principado do Verdun, é a mesmíssima coisa: “Será que Giovana vai de manga comprida hoje?” “Será que Clara vai de short-saia?”
Será que Giovana vai de enfeitinho no cabelo? O tal sapatinho vermelho os pais da Giovana foram obrigados a comprar um igual ao de Clara. Até que uma bela sexta-feira, Clara veio pra casa com um pé 23 e outro 26. As duas tinham trocado só um pé do sapato...


HABITAÇÕES

- Clara, a Giovana mora numa casa ou num apartamento?
- Apartamento.
- E o Rodrigo?
- Numa casa.
- E a Juju ?
- Num castelo...