sexta-feira, 29 de abril de 2011

A mídia e as crianças


Conheci hoje e fiquei fã do site (em inglês) dessa revista, Psychology Today, que reúne dezenas de blogs de autores de livros sobre temas variados de Psicologia.

Vi um post bem legal sobre a influência da mídia nas crianças, defendendo que, assim como há 60
anos fumar era normal e não havia restrições a propaganda ou a fumar perto de crianças, daqui a alguns anos provavelmente acharemos incrível como no início deste século nossas crianças eram expostas sem controle à mídia.

O artigo ressalva que, enquanto fumar não é absolutamente bom pra ninguém, a mídia pode ser muito útil, desde que com acesso moderado e com reflexão sobre sua influência. Eu acho que isso aí vale pra todos nós, e não só as crianças, ainda mais depois de ler o livro Sociedade Excitada: filosofia da sensação, do filósofo alemão Christoph Türcke. (só mesmo assim pra voltar a digitar um trema!). O livro apresenta uma teoria social para nossos dias hipermidiáticos muito abrangente e iluminadora. Não é exatamente uma leitura leve e fácil, com alguns problemas de estilo ou talvez de tradução (Caetano tem razão, "se você tem uma ideia incrível é melhor fazer uma canção. Está provado que só é possível filosofar em alemão"), mas vale a investida. Pra quem preferir um trailer, há uma entrevista na Folha (o título sensacionalista da matéria acaba sendo perfeito em uma conversa com um filósofo que critica exatamente esse tipo de coisa!).

Ainda sobre o post, a comparação que achei bem feita foi de que "a mídia está para o desenvolvimento infantil saudável assim como as sobremesas estão para a alimentação saudável". E o post prossegue dizendo que assim como, se depender da maioria das crianças elas nunca param de comer sobremesa, cabe aos responsáveis controlar a "ingestão" de mídia por parte dos pequenininhos.

Outro site legal (também em inglês) sobre, digamos, Gestão de Exposição Infantil à Mídia para Pais e Responsáveis (nossa, vou lançar uma pós-graduação com esse título, vai ser um hit!) é o Common Sense Media, inclusive com textos sobre cyberbullying e classificação etária para filmes, games e programas de TV feita pelos pais (acho os pais americanos um pouco mais rigorosos/moralistas que nós, quando lá diz que a classificação é 10 anos tá bom pra Clarinha rsrsrs)

E, como diria o Monty Phyton, agora para algo completamente diferente, do novo disco de Paul Simon, So Beautiful or So What, que há uns três dias não sai da vitrola aqui em casa (no caso, do Ipod, a mídia etc.), a interessantíssima The Afterlife. Valeria outro post, mas a irregularidade própria do Correio faz com que seja melhor não arriscar...



After I died, and the make up had dried, I went back to my place.
No moon that night, but a heavenly light shone on my face.
Still I thought it was odd, there was no sign of God just to usher me in.
Then a voice from above, sugar coated with Love said, “Let us begin”.

You got to fill out a form first, and then you wait in the line.
You got to fill out a form first, and then you wait in the line.

OK, a new kid in school, got to follow the rule, you got to learn the routine.
Woah, there’s a girl over there, with the sunshiny hair, like a homecomin’ queen.
I said, “Hey, what you say? It’s a glorious day, by the way how long you been dead?”
Maybe you, maybe me, maybe baby makes three, but she just shook her head…

You got to fill out a form first, and then you wait in the line.
You got to fill out a form first, and then you wait in the line.

Buddah and Moses and all the noses from narrow to flat, had to stand in the line, just to glimpse the divine, what you think about that?
Well it seems like our fate to suffer and wait for the knowledge we seek.
It’s all his design, no one cuts in the line, no one here likes a sneak

You got to fill out a form first, and then you wait in the line.
You got to fill out a form first, and then you wait in the line.

After you climb, up the ladder of time, the Lord God is here.
Face to face, in the vastness of space, your words disappear.
And you feel like swimming in an ocean of love, and the current is strong.
But all that remains when you try to explain is a fragment of song…
Lord is it, Be Bop A Lu La or Ooh Poppa Do
Lord, Be Bop A Lu La or Ooh Poppa Do
Be Bop A Lu La

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Mais Concurso

Pessoall, Entrei num concurso de prefácios do site O Livreiro para o livro do Leoni, Manual de Sobrevivência no Mundo Digital. Quem quiser ler (o prefácio) é só clicar no link aí em cima.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Think Pink! (or lavender...)


Por conta de minha condição de pai de uma menina de seis anos, assistir a filmes da Barbie (e séries da Disney, e da Nick, e desenhos do Discovery, e ...) é uma ocupação que vem no pacote. Eu sinceramente não ligo e até gosto, porque além de os estúdios cuidarem sempre para que haja algum tipo de atração para pais nas produções, sempre se tira alguma interpretação psicosocioantropológica de araque da experiência.

Vinha adiando há tempos um post sobre o penúltimo filme da Barbie, Moda e Magia, e hoje após ver o último, O Segredo das Fadas, pago a dívida. O que me chamou a atenção em Moda e Magia (2010) foi que ali, ao contrário dos outros filmes de sua filmografia (19 nessa fase século XXI), a Barbie não representa um papel (Princesa da Ilha, Rapunzel, Sereia, Fada do Campo etc), mas aparece como ela mesma, uma estrela de cinema demitida de seu filme, no qual o diretor quer pôr zumbis em A Princesa e a Ervilha, uma brincadeira com a (imperdoável) moda de mashups, tipo Orgulho e Preconceito e Zumbis (eca!), Bom, no filme (e aqui peço vênia pra contrariar todos os princípios do M.A.T.E. - Movimento Anti-Trailer Explícito) a Barbie viaja a Paris e descobre um guarda-roupa mágico onde as fadas encantam vestidos e etc.

O que me fascinou na trama do filme foi essa passagem fluida do realismo à fantasia, que não me lembro de ter visto algures. Estabelece-se uma relação direta com a vida da Barbie enquanto celebridade, reflexo claro da era que vivemos, e a fantasia entra sem pedir licença, num cumprimento talvez involuntário ao primado da ilusão e à confusão das tênues fronteiras entre o real de cada lado das telas, tão presente em nosso cotidiano super-excitado pelos estímulos visUAUditivos.

No atual O Segredo das Fadas há um passo atrás dos roteiristas, talvez assutados com a ousadia anterior, e embora a trama tenha o mesmo princípio, agora ambientada na cidade mágica das fadas, Gloss Angeles (boazinha, não?), ao fim da aventura (em que a Barbie salva o Ken, claro, é função dela dar poder às meninas - há quem se horrorize, mas provavelmente são as mesmas que reclamam do machismo em todas as outras ocasiões. Tem gente que nunca está satisfeita.), as fadas fazem uma mágica para que todos os humanos envolvidos pensem que tudo foi um sonho (nova essa, não? - alguém disse Shakespeare aí?). O detalhe é que, mesmo tudo tendo sido um sonho, os personagens aprendem com a experiência e modificam sua maneira de ser. (alguém disse Freud e Lacan aí?)

Aguardo ansioso (na verdade relaxado, a ansiedade é outro revés da tal sociedade hiperexcitada a que tento bravamente resistir) Barbie e a Escola de Princesas, no segundo semestre de 2011 ("Por que eles anunciam com tanta antecedência, a gente fica ansiosa!!!!" - Clara, 6 anos, geração @nsiedade, valei-me todos os santos da literatura infantil e do ensino montessoriano!), pra ver que caminhos aponta a filmografia barbiana.

O Segredo das Fadas, como todo filme dela, tem mensagens positivas cercadas de muito estímulo à moda, maquiagem e consumismo, mas algo em mim nesse caso discorda da análise do fora isso ótimo site Common Sense Media, infelizmente só em inglês, e que é uma mão na roda na hora de acompanhar criticamente as preferências da galerinha na mídia e web afora. Pra mim, as mensagens da Barbie superam em benefício o mal que o consumismo estimulado causa, mas sei que é discutível.

Se a amizade forte entre as meninas é sempre um valor Barbie, neste filme as amigas são inimigas de escola e na adversidade são obrigadas a conversar presas numa mesma cela cujas paredes são feitas da energia da raiva da princesa Graciela (uau!) e ali, com tempo, longe da correria do dia-a-dia (superexcitação das sensações etc) discutem a relação, fazem as pazes no que foi um desentendimento fundado em mal-entendidos e a força dessa amizade rompe as cadeias da ira e tcha-ran!

Ironia à parte, é bonito. E a frase que encerra os créditos é "o perdão te faz voar". Bonito e verdadeiro.

A voz da Barbie nos filmes mudou de Kelly Sheridan para Diana Karinna nos últimos filmes. Fora dos desenhos ninguém está ficando da mesma idade e a Mattel queria alguém com uma voz mais nova que a dos impraticáveis 3o e poucos anos da atriz. Vida que segue...

Ah, o título da postagem refere-se à sutil mudança de tom nas cores do mundo da Barbie, por exemplo, na mochila atual da minha filha, de Moda e Magia, predomina o lilás. E, não, eu não acho que minha porção mulher é a porção melhor, no máximo uma tão boa quanto outra qualquer, mas qualquer motivo é bom pra ouvir Caetano cantando uma música de Gil:



quem sabe...