segunda-feira, 19 de julho de 2010

Em uma locadora perto de você

Que Audrey Hepburn foi a mais bela mulher do século XX é uma afirmação que pode ser largamente discutida, embora não comigo. Que Gregory Peck foi um galã daqueles que bem vocês sabem, é fato que algumas de nossas 17 leitoras terão prazer em sustentar contra qualquer Colin Firth desses.
Vendo (acho que pela primeira vez direito, em uma manhã nublada de férias, família dormindo até mais tarde) A Princesa e o Plebeu (Roman Holiday - 1953), além de apreciar a rara combinação de astros (Audrey Hepburn em seu primeiro papel, e já ganhando um Oscar), direção, cenários (todo filmado em Roma), roteiro e outros etcs que fazem do cinema americano de 60 anos atrás o cinema americano de 60 anos atrás, reparei na quantidade de filmes posteriores que fazem referências e citações a este, que se configura portanto em um clássico absoluto.
Fora Diários da Princesa e Demi Lovato em Programa de Proteção para Princesas - que por sinal passava no Disney Channel de manhã e me levou a lembrar de assistir o Princesa e Plebeu recém adquirido - são inúmeros os exemplos.
Escolhi dois:
1) Cena no mercado em Alladin:


2) Entrevista coletiva em Notting Hill:



Mais não conto, porque afronta os princípios do M.A.T.E. Fiquem com um clipe montado com cenas do filme:

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Pop

A força do pop quando se encontra com a qualidade (sem entrar no mérito de que gosto não se discute, afirmativa aliás da qual discordo) tem qualquer coisa de bela e misteriosa. Pensem em Beatles, Jane Austen, Pelé. mas pensem também em Gang 90 e Absurdettes, por exemplo.
Copiando aqui pro computador uns CD, deixei a Clara brincando online de colorir Hannah Montana e sua turma, e após o primeiro choque estético dela pedir, nesse contexto, Deixa a música tocando aí, e era um Paulinho da Viola de primeiríssima cepa (Sentimentos, 1973, faixa 1 do LP Nervos de Aço), percebi da sala de TV ela conhecendo e imediatamente cantarolando junto o refrão de Telefone, Oh, meu amor, isso é amor, na versão Sandra de Sá.

Na sala da TV eu assistia a outra manifestação fortíssima do alcance do pop, o documentário Don´t You Forget About Me, título tirado da canção interpretada pelo Simple Minds no filme O Clube dos Cinco (The Breakfast Club), uma das obras-primas do produtor, diretor e roteirista John Hughes, que fez um punhado de filmes antológicos pra quem viveu nos 80 - e/ou viu muita Sessão da Tarde e reprises de TV a cabo de lá pra cá. Pra quem esqueceu da música:
Pois bem, o documentário narra a viagem (literal) de cinco canadenses que partem em busca de John Hughes, recluso e ausente da mídia desde o fim do século XX, tendo dirigido seu último filme em 1991 e continuado a escrever roteiros sob o pseudônimo de Edmond Dantés, aka O Conde de Monte Cristo.
Entre depoimentos de atores, diretores e outras pessoas do mundo do cinema, o roteiro mostra a aventura dos cinco (O Clube?) e o impacto que os filmes de Hughes (A Garota de Rosa-Choque, Alguém Muito Especial, Mulher Nota 1000, Gatinhas e Gatões, Curtindo a Vida Adoidado) têm ainda hoje sobre os adolescentes.
O filme tem um certo suspense que eu como sócio-fundador do M. A.T.E. (Movimento Anti-Trailer Explícito) manterei. Mas posso dizer que à época do filme, John Hughes ainda não tinha subido pro andar de cima, o que ocorreu precocemente em 2009, aos 59 anos. Não achei ainda por aqui em DVD, mas acredito que chegue numa Blockbuster dessas (ou talvez em uma locadora menor, sei lá. Cartas etc.). Por enquanto está passando no canal Max (ex-Cinemax). O Correio do Etc possui uma cópia.
Pra quem quiser situar melhor os filmes, vale ver a homenagem no Oscar, cuja incorporação foi retirada por motivos de copyright do Youtube, e os trechos abaixo, incluindo um Ultimate Tribute, o clipe de Don´t You Forget com cenas do Clube dos Cinco e, last but not least, cenas de Curtindo a Vida Adoidado, o filme favorito de Mestre Alvimp, e de Some Kind of Wonderful, Alguém Muito Especial, o meu.
Ah, depois de Clara cantarolar junto o refrão Oh, meu amor, isso é amor, veio me perguntar, Pai, nessa música é, Oh, meu amor ou Oh, meu avô? Faz sentido.
A pontuação dos diálogos do post de hoje é uma homenagem à subida de José Saramago, um dos escritores favoritos do Mestre Alvimp (Saramago e Ferris Bueller no mesmo post pode ser demais pra ele...), e meu.



domingo, 4 de julho de 2010

Sobre a Copa


clipe de lances de Cruyff

O título do post podia ser Todos Juntos Fomos, mas achei agressivo. O texto é de um e-mail que escrevi para meia dúzia de anigos correspondentes em assuntos de futebol, no day after do laranjaço, durante a goleada teutônica sobre os argentinos - notas acrescentadas depois em itálico:

Ressalvando que não acompanho mais futebol, só Copa, e posso estar escrevendo muita bobagem, mas é divertido...

Comecei a escrever aguardando a entrada em campo de Alemanha e Argentina, continuei no intervalo e termino agora, já bem mais relaxado com o show de bola (que beleza poder usar essa expressão em seu sentido original) da Alemanha nos hermanitos.

Antes de falar da Seleção, alguns comentários genéricos sobre a Copa:

1) è a Copa dos sul-americanos!!! - ufanismo booobo. Brasil e Argentina já estão no avião. Uruguai e Paraguai vão ser a sensação da Copa? A conferir. (o Paraguai saiu e o uruguai ficou, em dois jogos absolutamente épicos!) Acho que a Copa começou ontem, três europeus (os favoritos - Alemanha, Holanda, Espanha), quatro sul-americanos e Gana. E está arriscando dar três europeus nas semifinais. Normal. (deu mesmo)

2) Melhores do mundo. É muito diferente do que melhor da Copa, não? Olha os subitens:

2.1) Quem jogou mais na Copa? Cristiano Ronaldo ou Grafite?

2.2.) No primeiro dia que marcaram o Messi ele teve seu dia de Zinho...

3) A Argentina ainda tem que batalhar pra sair do segundo escalão em Copas:

- um vice em 30, quando era praticamente um torneio americano (os EUA foram terceiro nessa Copa!)
- sumiço geral por mais de 40 anos - a não ser pra fazer vergonha em 66 com um tal de Rattin que foi expulso acho que contra a Inglaterra e ficou rondando o campo e cuspindo tsc tsc tsc
- campeã em 1978, nas circunstâncias sabidas
- campeã em 86 e vice em 90, com Maradona
- só

4) Por sinal, a França é a maior enganação das Copas depois (ou antes, sei lá) do Cristiano Ronaldo: ganhou aquela final esquisítissima e acha que tá no Clube...

5) A Alemanha pode até ser derrotada (não levo fé na Espanha, peguei implicância com aquele tico-tico no fubá), mas até agora foi quem jogou. Que beleza os jogadores passando a bola pro outro fazer o gol! Onde estavam Podolski e Scheiwseiláoquê na hora dessa eleição aí de melhor do mundo?

Vamos ao Brasil. Mais cedo vi a coletiva do Dunga no youtube, e confirmaram-se minhas impressões. Essa turma (Ricardo Teixeira, Dunga), não tem noção nenhuma do significado da instituição Seleção Brasileira (por exemplo ninguém precisa dizer que é de futebol, basta falar Seleção).
Ontem à noite fiz questão de ver o verdadeiro jogo, que é o videotape (Nélson Rodrigues), e acho o seguinte sobre a postura (?) do Dunga nessa eliminação:


1) assumir a responsabilidade pela derrota - ora, e daí? Discurso vazio. O cara não se arrepende de nenhum milímetro, vai pra casa achando que tava certo em tudo. Diz que "o Brasil perdeu porque não jogou no segundo tempo igual no primeiro." Só faltou dizer que foi porque fez menos gols que a Holanda Mas por que não jogou? É a mesma soberba do Kaká, depois de expulso por ser um bobinho posando de bad boy, dizendo que recebeu milhares de mensagens de apoio e estava com a consciência tranquila. Confunde-se o status de celebridade com a conduta adequada. E cadê ele no campo do fim do jogo, cumprimentando o técnico da Holanda e os jogadores derrotados? O Maradona tomou de 4 e tava lá!

2) o juiz japonês atrapalhou o jogo - o dia em que a Seleção depender de um juiz de qualquer planeta pra jogar decentemente uma partida de Copa do Mundo, é melhor não ir.

3) os jogadores estavam com um semblante no vestiário que se vcs vissem entenderiam melhor o "resgate do orgulho de jogar na Seleção" - só vomitando. Os jogadores se esforçaram, não têm culpa maior que as próprias limitações (exceção ao Filipe Melo, mas sempre a culpa amior é de quem escala o sujeito, que não tem condições pessoais de jogar nem futebol, que dirá Copa pela Seleção), mas, novamente, e daí?

4) fica complicado mexer com um a menos - mas pra botar quem? Julio Baptista? Kleberson? Grafite?

5) o time foi vencedor nesses quatro anos - foi? Olha só, pra mim a Seleção só disputa uma competição: COPA. O resto é preparação. Ganhar Copa América, da Argentina, etc, é petiscar esperando a hora da Copa. O time do Dunga foi PERDEDOR. E não é porque não foi campeão. É porque (corrijam-me, porque eu não acompanho mais futebol, só Copa do Mundo) não formou um time que representa com dignidade o futebol brasileiro. Perder é do jogo, ontem antes de finalmente dormir às duas da manhã, fiz mentalmente um ranking das participações nas Copas, mando no fim do e-mail.

O Brasil apostou na defesa pra ser campeão. Ah, sim, como no caso daquela outra seleção que também ganhou uma Copa apostando na defesa. Qual foi mesmo? Itália de 82? Bom, o futebol italinao tem essa tradição. E o Rossi fez três gols no mesmo jogo. Alemanha em 74? Sim, usou a defesa pra marcar o Cruyff. (que deu uma arancada com um minuto e sofreu um pênalti. Aliás, o video de abertura do post mostra como era enjoado marcar o cara. Brasil em 94? Romário e Bebeto no auge, hmmmm, acho que não. E além do mais, o plano do Dunga era chegar na final se defendendo e o chutar o último pênalti pra fora? E no dia em que a defesa falha, toma dois gols, um frango do melhor do mundo e um erro de bola aérea? Faz-se o quê?

ETC ETC ETC ETC ETC ETC


Participações do Brasil na Copa, da melhor para a pior:
(na minha modesta opinião - não estou falando dos times, mas da participação, e do contexto de cada Mundial)


70 - no comments

58 - só atrás de 70 porque Pelé e Garrincha não entraram desde o início e a Seleção não ganhou todas

62

02

94 - o pior título, no clipe aparece um italiano decidindo...

50 - perdeu na final por uma dessas coisas, mas foi uma participação brilhante

82 - perdeu nas quartas por uma dessas coisas, mas foi uma participação brilhante

98 - perdeu na final por uma dessas coisas, mas foi uma participação honesta

38 - na semifinal para a então campeã Itália, e que ganhou a Copa

78 - terceiro lugar com fatores extra-campo (suborno etc). o time era médiozinho, mas a participação foi razoável. podia ter sido vice da Holanda

54 - saiu nas quartas, perdeu pra seleção sensação da Copa, que acabou vice

74 - quarto lugar, perdeu pra seleção sensação da Copa, que acabou vice, mas foi ruim demais a participação. Pelo menos ganhamos da Argentina

86 - perdeu num jogo para um adversário igual, nos penaltis, com Zico perdendo aquele penalti no tempo normal (jogada dele, bom lembrar)

10 - pelo menos não perdemos pra Argentina

90 - perdemos pra Argentina, justo quando jogamos bem um jogo

06 - só jogamos bem com os reservas e quando não valia nada

30 e 34 - um jogo uma derrota, mas ainda ganha de

66 - por causa da expectativa, afinal, tinha o Pelé e éramos bicampeões

O Dunga pode se orgulhar de seu time ter feito a 15ª melhor participação em 19 Copas...

A Maior Diversão - Toy Story 3

Eu implico bastante com esse lance de 3-D. Precisa? O troço existiu nos anos 50 e foi abandonado. Deve ser ranzinzice da idade. Aguardo para breve a volta do filme mudo. Mas a Clara gosta, fazer o quê... Afora esse pequeno incômodo, Toy Story 3 entrou no rol dos recomendados (aqui e nos classificados amorosos de filmes carentes). Tenho uma teoria de que livros e filmes (e novelas, e seriados) dividem-se entre os que têm bons personagens e boas histórias. De vez em quando um García Márquez desses aí junta as duas coisas, e claro que um filme com boa história e personagens muito ruins ou vice-versa não sobrevive. Mas há uma margem em que bons personagens sustentam uma história não tão original. A maioria dos desenhos Disney, Jane Austen, (ressalva: era talvez original na época, mas tanta gente copiou que virou clássico, por definição não original) JK Rowling e Frank Capra me parecem estar muitas vezes nesse caso.
E Toy Story. Woody, Buzz e os outros brinquedos são geniais. Minha sobrinha Raquel e minha afilhadinha Olivia ("Que que você quer, Olivia?" "Colo do Dindo"... Resistam, se puderem...) concordam. E o terceiro episódio, mesmo com um vilão sinistro, no sentido da minha geração e não no da delas, mantém e aprimora o nível da saga. Parêntese: tenho achado os vilões e as maldades dos filmes pra criança em geral dramáticos demais. Acabo preferindo só as comédias. A Clara se debulha em lágrimas porque explodiram a casa do velhinho, largaram os brinquedos da menina perdidos no parque, o bichinho morre e vira estrela etc. Mas deve ser etc.
Bom, o TS 3 mostra Andy, o menino dos brinquedos (pra usar o padrão das legendas do Animal Planet: Clara, Bela´s human) vai pra faculdade e tem que arrumar o antigo baú. Uma confusão entre destinações (lixo - sótão - creche comunitária) gera a trama, que tem momentos tensos, várias citações a filmes de aventura/ação como a quadrilogia Indiana Jones e Missão Impossível, um desempenho arrasador e hilariante de Buzz Lightyear e Ken (o da Barbie), muitas piadas (e alguma reflexão do tipo o tempo passa os filhos crescem - se bem que é só olhar pra eles, né?) para pais e aquele padrão Disney. Ah, e final feliz e emocionante, quando as lágrimas de Clara e das demais crianças na sala escura não foram seguramente as únicas. Use as promoções do seu cartão de crédito e vá num cinema perto de você. Ainda pegamos uma sonora vaia quando o cinejornal mostrou as notícias do desembarque da Seleção após o laranjazo, mas felizmente já era após o salsichãozaço nos argentinos, o que sempre alivia o peso da eliminação nesse coração calejado e cascudo de dez Copas. Além da companhia no dia da eliminação ("Tchau, Olivia" "Tchau, quirido..." Resistam, etc.) Fiz até um texto sobre a Copa para alguns amigos, quem sabe vira post...
E, pra quem já viu o filme, juro que ninguém tinha me contado a sequencia de abertura quando filmei Clara, momentos antes de saírmos pro cinema: