quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

60 e poucos anos, quatro linhas, três vídeos, duas cores, um sonho

Tudo bem, o desenho não ficou lá essas coisas, afinal eu sou aquele a quem meu sobrinho, então com uns três anos, pediu: - Tio, desenha um carro? Eu desenhei, ele olhou e disse: - Tio, desenha um carro?
Mas a troca do gramado de verde pra preto na imagem do novo Maraca com cadeiras vermelhas é em protesto contra a onda tapetônica tricolor que vem grassando ultimamente e em homenagem ao destinatário deste post, aniversariante de amanhã, decano dos meus primos e um dos quarenta rubronegros mais convictos que conheço (nem sob tortura cito os outros trinta e nove!).
No recente almoço de Natal familiar (100 pessoas, quórum bom) dizia ele numa rodinha que seu time dos sonhos era o Santos de Pelé, e que o Barça atual vinha ganhando terreno no quesito. Eu, que só acompanho futebol atualmente de quatro em quatro anos acho bonito isso da pessoa continuar a buscar um time dos sonhos depois dos 60.
Nos 60 dele escrevi uma paródia de Águas de Março, hoje mando videos dos dois times supra e do meu Time dos Sonhos. Bom proveito!






Expansionismo musical




Se houver algum uruguaio lendo - se houver alguém lendo - por favor, não leve a sério o post, é uma brincadeira carinhosa entre vizinhos que nem sempre foram tão carinhosos entre si.
O caso é que - me chamem de colonizado - tenho mais afinidade com o idioma inglês que com o espanhol, tão mais próximo em geografia e destino de nós. Blame it on Beatles, Jane Austen, Harry Potter e Paulo Leminski (podem ficar com a realidade /esse baixo astral /em que tudo entra pelo cano / eu quero viver de verdade / eu fico com o cinema americano). Meu Padrinho morou na Escócia quando eu era pequeno, mas isso não tem nada a ver.
Todabía, desde aquela tarde em Icaraí e mesmo antes, a música cantada em espanhol tem me pegado de jeito, não fosse meu pai um dedicado amante do tango em 78 rotações, com seu caderno de letras datilografadas cuja epígrafe em preto-e-vermelho dizia "Si se pudiera pintar la musica, el tango tendría todos los colores del arco-íris".
Por exemplo não consigo passar da terceira faixa de Amar la Trama, mais recente disco de Jorge Drexler. Isso porque Las Transeuntes, com sua letra cheia de poesia, imagens, meta-imagens de como se faz una canción e um som pop onde quem tem ouvidos de ouvir pode identificar influências de música flamenca, brasileira e de Liverpool, não me deixa. Ouçam e vejam se tenho alguma razão:



Porém hoje, mais que a beleza de versos como "la tarde se escapa verso adentro / e yo sigo buscando / sin encontrar mi centro / e pongo ladrillo sobre ladrillo / e sigo sin dar com el estribillo", me peguei ouvindo repetidamente no Ipod uma canção mais antiga de Jorge Drexler, do álbum Eco, o mesmo que apresentou Al otro Lado del Río, do filme Diários de Motocicleta. Trata-se de Todo se Transforma, que tem uma letra que vai desenhando um círculo, uma rede globalizada em torno de um encontro amoroso que... mas deixemos que o próprio Drexler nos cante essa história, enquanto vocês refletem comigo se essas duas canções do post já não são motivo mais que suficiente para propôr a anexação pacífica do Uruguai.
Só vejo vantagens. Tudo bem, ficaríamos mais perto dos argentinos, mas em compensação seríamos todos heptacampeões do mundo (eneacampeões, se a FIFA entrar na onda da CBF e "reconhecer os dois títulos olímpicos dos uruguaios em 24 e 28, afinal, era um torneio a nível mundial, em tudo análogo às Copas e outras baboseiras semelhantes usadas para fazer viagens no tempo e chegar à brilhante conclusão de que o Santos de Pelé foi o melhor time brasileiro.) Además, a tragédia de 50 seria apenas um coletivo, em que os reservas ganharam de virada. Cartas para a redação.


Todo Se Tranforma by guedes

Todo Se Transforma
Jorge Drexler

Tu beso se hizo calor,
Luego el calor, movimiento,
Luego gota de sudor
Que se hizo vapor, luego viento
Que en un rincón de la rioja
Movió el aspa de un molino
Mientras se pisaba el vino
Que bebió tu boca roja.

Tu boca roja en la mía,
La copa que gira en mi mano,
Y mientras el vino caía
Supe que de algún lejano
Rincón de otra galaxia,
El amor que me darías,
Transformado, volvería
Un día a darte las gracias.

Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da,
Nada es más simple,
No hay otra norma:
Nada se pierde,
Todo se transforma.

El vino que pagué yo,
Con aquel euro italiano
Que había estado en un vagón
Antes de estar en mi mano,
Y antes de eso en torino,
Y antes de torino, en prato,
Donde hicieron mi zapato
Sobre el que caería el vino.

Zapato que en unas horas
Buscaré bajo tu cama
Con las luces de la aurora,
Junto a tus sandalias planas
Que compraste aquella vez
En salvador de bahía,
Donde a otro diste el amor
Que hoy yo te devolvería

Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da,
Nada es más simple,
No hay otra norma:
Nada se pierde,
Todo se transforma.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Tocar o céu com a ponta do pé

Nos últimos meses, os milhões de seguidores deste blog (tá bom, pelo menos a minha grande amiga e praticamente gêmea idêntica Jac, a quem fico devendo um post sobre os 15 anos do Brisa do Mar, o meio de transporte mais cool, hype e outras expressões colonizadas que já circulou entre Rio e Niterói, incluindo a descrição de um ônibus-pirata [tapa-olho no farol e pneu de pau, pronto, falei] e tudo sobre a gestação da trama de Farsa Mentirosa, a novela épico-lacrimosa que descortinava a saga de Luiz Henrique e Henrique Luiz, gêmeos univitelinos nascidos com 23 dias de diferença e separados ao nascer que... Mas voltemos ao post)
Dizia eu, os seguidores nos últimos meses poderiam ter se deparado com essa placa aí ao lado em sua busca diuturna e frenética por novidades do universo do ETC, tendo em conta a ausência total do síndico desses mal traçados bits. Mas cessa tudo quanto a antiga musa canta, que um valor mais alto se alevanta.
Com dezembro vêm, além dos anjos de García Márquez (Cem Anos de Solidão, p. 427, na edição comemorativa da Real Academia Española aqui na cabeceira, no original em espanhol, agora tirei onda!) vêm as chuvas de verão, as festas, e as apresentações de fim de ano dos filhos. E o Correio não poderia deixar passar essa oportunidade de retornar ao convívio dos seus 17 leitores.
O Festival Musical da Meimei Escola prima pela colaboração e pelo trabalho em conjunto entre professores, funcionários e alunos, bem de acordo com a linha montessoriana do ensino. Mais do que a perfeição das performances, vale a participação, a dedicação, o compromisso nos ensaios e fundamentalmente a diversão da galerinha se apresentando para pais, avós e colegas. Este ano tivemos até um depoimento de dois alunos que completaram o ensino médio e compartilharam sua experiência na escola. Bonito. Mais de um professor e pai teve que respirar funda e pausadamente e falar b-e-m d-e-v-a-g-a-r pra segurar a emoção.
A turminha do balé, modéstia minha filha à parte, estava uma graça, dançando a linda canção do Palavra Cantada. Acompanhem:




As galerinhas iam se sucedendo no palco, com os temas girando em torno do Pop brasileiro e mundial, Justin Bieber incluído, que dúvida... Para a apresentação da Agrupada de Clara, junto com os coleguinhas da manhã, a canção escolhida foi Assim sem Você, na voz de Adriana Partimpim. Os editores do Correio já viram o filminho diversas vezes, mas ainda se arrepiam com a alegria dos pequenos e a interação e sucesso junto aos fãs da plateia (pais, avós, pais e avós de colegas, mas de todo jeito...):




Pra concluir, já valendo como mensagem de fim de ano, se a gente não se ver mais até dois mil e onze, curtam os vídeos de Noite Feliz, onde a empolgação supera a afinação, com enormes vantagens, dentro do espírito de participação e acolhimento das diferenças que etc. e Happy Day, com as turmas mais adiantadas.

Tenham um bom fim de ano, com poucos amigos ocultos e muitos revelados. Paz.