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terça-feira, 3 de maio de 2011

Larari be bop a lu la

Na faixa The Afterlife, de seu novo disco, So Beautiful or So What, cujo vídeo mostrei incidentalmente no finalzinho do post aí embaixo, Paul Simon apresenta uma bem-humorada visão do Plano Astral como uma espécie de repartição onde todos, de Buda a Moisés, narizes aquilinos ou chatos, têm que preencher primeiro um formulário, depois esperar na fila. A distração de uma paquera com uma garota de cabelos cor de sol parecendo uma rainha de baile não rola, e no fim, na presença oceânica do amor do Senhor, tudo que ele consegue dizer pra se explicar é um fragmento de canção. E ele se pergunta: "Lord, is it Be Bop a Lula? Or Ooh Papa Dooh?"

Pois bem, a nova e badalada canção de Chico Buarque usa um fragmento de canção, uma melodia solfejada, a canção antes de ser, ainda em processo de composição, mas já completa em som, sentido e beleza, enfim, um larari, para concentrar todo o sentido de Se Eu Soubesse, faixa do disco de Thaís Gulin, cantada em dueto por ambos. Ouçam só:







O larari aparece tão lindo na canção que eu, com a deformação amadora do ESCOL@, Escritório de Consultoria de Letras Alheias, gostaria de palpitar numa letra logo de quem e imaginar que a canção podia muito bem levar o título de Larari. A beleza da coisa, como dizem, é que o Chico consegue (de novo, e de novo, e de novo, e etc.) brincar com as palavras de uma forma tão incrível como no referido verso dessa canção, em que ele repete três vezes o som aí, sendo que duas vezes uma palavrinha tão banal quanto aí, e logo com dois significados e duas subclasses gramaticais!



"Mas acontece que eu saí por aí e aí... larari larari..."



Assim como na canção do Paul Simon, o fragmento de canção pra inexprimir tudo é um momento em que vale mais o som que o sentido, em que só um larari pode dizer o que não se diz, e ser entendido. Ao longo da minha estrada de apreciador da canção brasileira - esse universo oceânico de amor do qual podemos dizer pouco mais que larari, aí cabendo Caymmi, Noel, Gil, Chico, Roberto, Caetano, Paulinho e, fundamentalmente, etc - venho migrando da apreciação da letra para a da música, e cada vez mais do equilíbrio tênue e intenso das duas. Portanto esse verso, se não me fez chorar, como a outros, me fez escrever um post.



Considerando-se que o "aí" também existe como conceito filosófico de um Heidegger desses, tudo se larariza mais ainda. Nas malhas do acaso, calhou ainda de eu, embora não acredite exatamente em letras de música sem música (para um texto sobre isso, cliquem), ter escrito essa que segue, antes de conhecer as canções mencionadas, sob o impacto da leitura do Sociedade Excitada, que compareceu também no post aí de baixo:



SAMBA SENSACIONAL
(Luiz Henrique)

vertigem visUAUditiva
agora agora agora aqui
crisma e eleva tudo a sensações
mata e enterra todo aí
o que somos nós

linguagem tera-interativa
morre fora assim de si
só me leva nunca mais me traz
só me leva só me leva
onde vamos nós

quanto mais menos se vê
quem tem tudo nada tem
tudo move menos eu
o que eu acho se perdeu
quase tudo nada diz
quase qualquer samba faz
chorar

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A mídia e as crianças


Conheci hoje e fiquei fã do site (em inglês) dessa revista, Psychology Today, que reúne dezenas de blogs de autores de livros sobre temas variados de Psicologia.

Vi um post bem legal sobre a influência da mídia nas crianças, defendendo que, assim como há 60
anos fumar era normal e não havia restrições a propaganda ou a fumar perto de crianças, daqui a alguns anos provavelmente acharemos incrível como no início deste século nossas crianças eram expostas sem controle à mídia.

O artigo ressalva que, enquanto fumar não é absolutamente bom pra ninguém, a mídia pode ser muito útil, desde que com acesso moderado e com reflexão sobre sua influência. Eu acho que isso aí vale pra todos nós, e não só as crianças, ainda mais depois de ler o livro Sociedade Excitada: filosofia da sensação, do filósofo alemão Christoph Türcke. (só mesmo assim pra voltar a digitar um trema!). O livro apresenta uma teoria social para nossos dias hipermidiáticos muito abrangente e iluminadora. Não é exatamente uma leitura leve e fácil, com alguns problemas de estilo ou talvez de tradução (Caetano tem razão, "se você tem uma ideia incrível é melhor fazer uma canção. Está provado que só é possível filosofar em alemão"), mas vale a investida. Pra quem preferir um trailer, há uma entrevista na Folha (o título sensacionalista da matéria acaba sendo perfeito em uma conversa com um filósofo que critica exatamente esse tipo de coisa!).

Ainda sobre o post, a comparação que achei bem feita foi de que "a mídia está para o desenvolvimento infantil saudável assim como as sobremesas estão para a alimentação saudável". E o post prossegue dizendo que assim como, se depender da maioria das crianças elas nunca param de comer sobremesa, cabe aos responsáveis controlar a "ingestão" de mídia por parte dos pequenininhos.

Outro site legal (também em inglês) sobre, digamos, Gestão de Exposição Infantil à Mídia para Pais e Responsáveis (nossa, vou lançar uma pós-graduação com esse título, vai ser um hit!) é o Common Sense Media, inclusive com textos sobre cyberbullying e classificação etária para filmes, games e programas de TV feita pelos pais (acho os pais americanos um pouco mais rigorosos/moralistas que nós, quando lá diz que a classificação é 10 anos tá bom pra Clarinha rsrsrs)

E, como diria o Monty Phyton, agora para algo completamente diferente, do novo disco de Paul Simon, So Beautiful or So What, que há uns três dias não sai da vitrola aqui em casa (no caso, do Ipod, a mídia etc.), a interessantíssima The Afterlife. Valeria outro post, mas a irregularidade própria do Correio faz com que seja melhor não arriscar...



After I died, and the make up had dried, I went back to my place.
No moon that night, but a heavenly light shone on my face.
Still I thought it was odd, there was no sign of God just to usher me in.
Then a voice from above, sugar coated with Love said, “Let us begin”.

You got to fill out a form first, and then you wait in the line.
You got to fill out a form first, and then you wait in the line.

OK, a new kid in school, got to follow the rule, you got to learn the routine.
Woah, there’s a girl over there, with the sunshiny hair, like a homecomin’ queen.
I said, “Hey, what you say? It’s a glorious day, by the way how long you been dead?”
Maybe you, maybe me, maybe baby makes three, but she just shook her head…

You got to fill out a form first, and then you wait in the line.
You got to fill out a form first, and then you wait in the line.

Buddah and Moses and all the noses from narrow to flat, had to stand in the line, just to glimpse the divine, what you think about that?
Well it seems like our fate to suffer and wait for the knowledge we seek.
It’s all his design, no one cuts in the line, no one here likes a sneak

You got to fill out a form first, and then you wait in the line.
You got to fill out a form first, and then you wait in the line.

After you climb, up the ladder of time, the Lord God is here.
Face to face, in the vastness of space, your words disappear.
And you feel like swimming in an ocean of love, and the current is strong.
But all that remains when you try to explain is a fragment of song…
Lord is it, Be Bop A Lu La or Ooh Poppa Do
Lord, Be Bop A Lu La or Ooh Poppa Do
Be Bop A Lu La